Essa é apenas a segunda vez na história que a entidade declara uma emergência global por conta de uma doença. A primeira vez foi em 2009, com a gripe A. A pólio, disseminado por fezes, ataca o sistema nervoso e pode causar paralisia em apenas algumas horas. 10% dos afetados morrerem e não existe cura.
Segundo a OMS, a emergência foi decretada porque a pólio foi detectada, nos últimos seis meses, em dez países: Afeganistão, Camarões, Etiópia, Guiné Equatorial, Iraque, Israel, Nigéria, Paquistão, Somália e Síria. Três países - Camarões, Paquistão e Síria - estão "exportando" o vírus e portanto infectando outras localidades.
"Como se comprovou a efetiva exportação e importação do vírus, consideramos que isto constitui uma ameaça para o restante dos países e se justifica decretar uma emergência sanitária", disse Bruce Aylward, diretor-geral adjunto da OMS. Um dos argumentos que mais pesou na decisão é o fato da transmissão ter ocorrido na baixa estação, de janeiro a abril, meses nos quais o vírus da pólio "normalmente" não se espalha tanto. Há o temor de que nos meses de "alta transmissão", que começa em maio, o contágio possa se multiplicar e pôr em perigo a estratégia de erradicação da doença.
O vírus estava prestes a ser declarado como extinto há três anos. Mas conflitos armados em algumas regiões e a falta de investimentos em outras abriram as portas para a volta da doença. O risco, desta vez, é que com a facilidade de contatos e de viagens, o vírus teria maiores chances de chegar a novas regiões.
Apesar da emergência, Aylward disse acreditar que o mundo possa acabar com a doença até 2018. No Brasil, a pólio está erradicada desde 1994.