Francisco faz visita de três dias à Terra Santa.
O Papa Francisco convidou neste domingo (25), em Belém, o presidente de Israel, Shimon Peres, e o presidente palestino, Mahmud Abbas, a orar pela paz no Vaticano.
"Quero convidar o presidente Abbas e o presidente Peres para que, junto comigo, elevemos a Deus uma oração pela paz. Ofereço minha casa, o Vaticano, para esse encontro de oração", disse, de maneira inesperada, ao fim da missa que rezou.
Questionado sobre o convite, uma porta-voz do presidente Peres disse em Jerusalém que ele "sempre aceita qualquer tipo de iniciativa para promover a paz".
Mais cedo, o Papa Francisco exortou palestinos e israelenses a iniciar um "êxodo" rumo à paz para pôr fim ao sofrimento que castiga a região há décadas.
"Encorajo os povos palestino e israelense, assim como suas respectivas autoridades, a empreender este feliz êxodo rumo à paz com a coragem e a firmeza necessária para todo êxodo", disse o pontífice em seu primeiro discurso na Palestina, que fez junto ao presidente Mahmoud Abbas.
O Papa Francisco aterrissou na cidade de Belém, na Cisjordânia, segunda etapa de sua peregrinação de três dias à Terra Santa, por volta das 9h30 (local).
Diante de Francisco, Abbas acusou Israel de tentar "mudar a identidade e o caráter de Jerusalém Oriental e de asfixiar sua população palestina, cristã e muçulmana, com o objetivo de expulsá-la" da cidade.
Ele também falou ao pontífice do "terrível muro que Israel construiu pela força brutal".
O chefe da Igreja Católica pediu "o reconhecimento por parte de todos do direito de dois Estados existirem e desfrutarem da paz e da segurança em fronteiras internacionalmente reconhecidas".
A caminho da Praça da Manjedoura para celebrar uma missa sob a proteção de cerca de 3.000 integrantes das forças de segurança palestinas, o Papa parou seu carro sem capota para ir a pé ao muro de concreto, onde fica uma torre de vigia.
Ele encostou as mãos no muro, em parte coberto de pichações recentes, incluindo uma em inglês destinada diretamente a ele: "Papa, precisamos de alguém que fale de justiça".
O assessor político de Abbas, Nimr Hammad, saudou uma mensagem significativa de que "não se pode alcançar a paz, enquanto Israel continuar a construir muros de separação racistas entre os povos palestino e israelense".
De acordo com um porta-voz do comitê organizador palestino, Achraf al-Ajrami, "ao parar diante do muro e ao tocá-lo, o Papa tocou a dor diária vivida pelo povo palestino".
Farid Abu Mohor, morador da cidade de Beit Jala, onde o traçado da barreira ameaça o acesso as suas terras agrícolas, disse "esperar que atos como esse impeçam que o muro seja concluído".
Em seguida, Francisco teve a calorosa recepção de cerca de 10.000 fiéis na Praça da Manjedoura, enfeitada com bandeiras do Vaticano e palestinas, além de um quadro gigante do nascimento de Jesus, que na pintura aparecia envolto em um keffieh, símbolo nacional palestino.
O sumo pontífice foi de helicóptero durante a tarde para o aeroporto Ben Gurion de Tel Aviv.