D. Joaquim Gonçalves, BISPO DE VILA REAL
Como interpreta as declarações de Bento XVI, acreditando que pode haver uma solução mundial para o fim das bombas de fragmentação?
Embora ainda não tenha lido nem ouvido essas declarações, elas são, tanto quanto me parece, um aviso ao bom senso e à profundidade das coisas do governo internacional. Hoje, infelizmente, parece aceitar- -se que a guerra é inevitável, que certas bombas são inevitáveis, que isto não tem conserto e que temos, então, de nos resignar.
Mas há alternativa?
Corre-se, de facto, o perigo de não reagir - e isso é gravíssimo -, porque se está perante uma "coisa" muito repetida e que movimenta milhões. O Papa faz este aviso, digamos, profético, para tentar desbloquear os espíritos. Podemos viver todos, mesmo os países que têm essas fábricas de guerra, sem recorrer a isso. É portanto uma resposta ousada para a apatia que estamos a viver e que quer desbloquear os sentimentos dos governos internacionais para uma novidade que é preciso criar.
Que importância pode ter esse aviso?
Pelo menos da parte do Papa é muito bom que o faça. E há também no mundo o despertar da consciência internacional em muita gente. Temos de acreditar nisso. O mundo está sacudido por um espírito de renovação. E o Papa lança como que um fôlego novo e de certeza que há muita gente que comunga dos seus ideais. Temos de acreditar que haverá governos que seguirão o seu apelo ou que pensem nele, várias vezes. Eu acredito, até porque se não criarmos um bloqueio constante, ficamos anestesiados. Esta mensagem do Papa é como um grito profético. Bento XVI disse, na ONU, também em relação aos direitos humanos, que temos de badalar estas posições, que não são utopia e são possibilidades reais, não são do mundo da fantasia.
É grande a autoridade do Papa no mundo?
O Papa actual goza de um grande prestígio internacional. Não é um comunicador, é um homem denso e o seu pensamento é amadurecido. Mesmo para quem não tem fé, ele é uma autoridade. Ouvi-o quando falou na ONU e estava toda a gente atentíssima ao que ele dizia, incluindo pessoas não cristãs, mas que também defendem os valores humanos que são sublinhados pela mensagem do Papa. Gente que acredita que ele não fala por falar, nem pelo prazer de ser ouvido.
Ele é um homem desinteressado pessoalmente e traz uma mensagem de grande valor, de repercussão mundial. Daí a grande importância do seu apelo. Quem tem a autoridade mundial que tem o Papa Bento XVI, no plano ético, evidentemente, fala para os responsáveis do mundo também como um homem responsável pelo mundo.
Fonte - Diário de Notícias
E vi uma das suas cabeças como ferida de morte, e a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou após a besta. Apocalipse 13:3