quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Judeus e católicos oferecem resposta comum à crise ecológica

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 20 de janeiro de 2010 (ZENIT.org).- Judeus e católicos têm uma resposta comum à crise ecológica que o planeta vive e a expõem no comunicado divulgado no final da reunião da Comissão Bilateral da Santa Sé e do Grão-Rabinato de Israel, nos dias 17 a 20 de janeiro.

“Hoje, a humanidade enfrenta uma crise ambiental única, que é essencialmente consequência de um desordenado abuso material e tecnológico”, explica o documento, após o encontro que havia sido suspenso nos últimos dois anos por causa de divergências apresentadas pelos rabinos sobre a oração pelos judeus da Sexta-Feira Santa e o caso Williamson.

“Ainda que esta crise tenha de ser gestionada obviamente com os instrumentos tecnológicos e a autolimitação, a humildade e a disciplina, os participantes sublinharam a necessidade essencial para a sociedade de reconhecer a dimensão transcendente da criação, que é importante para garantir o desenvolvimento sustentável e o progresso de maneira eticamente responsável”, afirmam judeus e católicos.

“Nem tudo o que é tecnicamente possível é moralmente aceitável – advertem. Esta consciência garante que todo aspecto do progresso humano promove o bem-estar das gerações futuras e santifica o Nome Divino e, do mesmo modo, sua ausência leva a consequências destrutivas para a humanidade e para o ambiente e profana o Nome Divino.”

“A Tradição bíblica, que confere uma dignidade única à pessoa humana, não deve ser entendida como domínio, mas como respeito e solidariedade. Isso exige um senso de ‘ecologia humana’, no qual nossa responsabilidade pelo ecossistema esteja ligada e reflita nossos deveres recíprocos, em particular uma generosidade especial com os pobres, mulheres, crianças, estrangeiros, doentes, fracos e necessitados.”

Ao longo da reunião, os participantes assistiram à comovente conferência do Pe. Patrick Desbois, na Universidade Pontifícia Gregoriana, que ilustrou a tarefa de Yachad in Unum para localizar e impedir que fossem esquecidos os lugares não-identificados da Europa em que ocorreram assassinatos em massa durante a Shoá.

A Comissão Bilateral instou as respectivas comunidades religiosas a prestarem ajuda e darem a conhecer esta obra tão importante para aprender das tragédias do passado a proteger e respeitar a santidade da vida humana em todos os lugares, para que não se voltem a repetir atrocidades semelhantes.

A delegação judaica estava presidida pelo rabino-chefe de Haifa, Shear Yashuv Coehn, enquanto a católica estava presidida pelo cardeal argentino Jorge María Mejía. Os participantes da reunião haviam estado presentes no domingo anterior, na visita de Bento XVI à Grande Sinagoga de Roma.

Neste histórico acontecimento, o Papa reafirmou categoricamente o compromisso da Igreja Católica no diálogo e na fraternidade com o povo judeu, condenando, além disso, de forma inequívoca, o antissemitismo e o antijudaísmo.

Da mesma forma, o grão-rabino de Roma, Riccardo Di Segni, destacou nesta ocasião a obrigação de cristãos e judeus de cooperar para proteger o meio ambiente, seguindo o mandato bíblico.

Fonte - Zenit

Nota DDP: Mais uma vez, para entender o contexto das declarações, é importante não se esquecer do "filtro" estabelecido pelos próprios participantes da comissão: "Dez mandamentos: base do diálogo judaico-cristão". Veja também "Cristãos e judeus unidos contra o esquecimento".


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