segunda-feira, 15 de setembro de 2008

EUA: "rombo é grande"

A quebra do banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers começa a semana deste 15 de setembro levando tensão ao mercado financeiro global. Nitidamente estarrecido com a crise que se espalha pelo mundo, o ex-diretor do Banco Central do Brasil Alberto Furuguem diz a Terra Magazine que a situação é preocupante:

- Há quem diga que o governo americano está fazendo o que é necessário etc. Mas quem é que imaginava algum tempo atrás que o Lehman Brothers teria quebrado?

Para Furuguem, o acontecimento é sinal de um "rombo muito grande" na economia dos Estados Unidos e que trará, inevitavelmente, conseqüências para o Brasil - assim como para o resto do mundo. Ele imagina um crescimento menor da economia brasileira já para 2009:

- O que se pensa é quanto vai crescer o PIB? Vai crescer 4%, 3,5%? Se a recessão da economia mundial se confirmar, a média pode ser até de 2% para a economia brasileira.

Leia os principais trechos da conversa com o economista:

Terra Magazine - Essa tensão com que o mercado abriu essa segunda-feira deve durar a semana toda, com o anúncio da quebra do Lehman Brothers?
Alberto Furuguem - Olha, o que acontece em geral é que quem faz prognóstico futuro não gostam de traçar cenários muito sombrios, mesmo aquelas que têm medo de recessão mundial já há muito tempo. Há quem diga que o governo americano está fazendo o que é necessário etc. Mas quem é que imaginava algum tempo atrás que o Lehman Brothers teria quebrado? Se agora você disser que a Ásia, China, estão aquecendo... é verdade. O próprio Brasil. Mas dizer que essas áreas vão ficar livres de uma crise mais séria é realmente previsão. Mas que está se pagando algum preço por isso, e a gente vê na balança comercial e a própria questão do dólar, isso reflete. E reflete também numa desaceleração do crescimento aqui no Brasil. Isso já está acontecendo na Europa, no Japão. E acho que vai acabar acontecendo aqui. Então a pergunta que eu colocaria hoje é essa: vamos ter alguma coisa mais séria na situação de recessão mundial? Eu cheguei a imaginar um tempo atrás que o pior já tinha passado em termos de crise no mercado financeiro norte-americano.

Aqui no Brasil, o reflexo então seria mais de médio a longo prazo com a desaceleração da economia?
Não, eu acho que para o próximo ano, a desaceleração da economia terá um reflexo inevitável. Já está acontecendo, com queda de preço de commodities, o Banco Central com essa política de juros, enfim... não há como pensar em outro cenário. O que se pensa é quanto vai crescer o PIB (em 2009)? Vai crescer 4%, 3,5%? Se a recessão da economia mundial se confirmar, a média pode ser até de 2% para a economia brasileira. É um quadro realmente preocupante. É claro que o mundo não vai acabar, mas é preocupante. O próprio Alan Greenspan (ex-presidente do Banco Central americano), que é uma pessoa muito serena, tem dito que não viu uma crise tão grande nos últimos 50 anos. Há algum tempo ele vem sinalizando que vem uma situação preocupante.

A postura do governo dos EUA tem sido adequada?

Eu acho que sim. Agora, fica essa pergunta: como é que um banco desse porte, com mais de 100 anos, pode ter chegado a uma situação dessas? Isso leva a crer que o rombo é muito grande. A quebra de um banco como o Lehman Brothers é impressionante.

Fonte - Terra Magazine

Nota DDP: Mais uma vez sugiro a leitura de um artigo muito bom que nos foi enviado, neste contexto, sendo que o mesmo encontra-se armazenado em formado pdf e pode ser baixado através do link "A crise financeira mundial".

Outras nuances do cumprimento profético neste tema na tag "Crise Econômica".
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