Os jornais brasileiros dão grande destaque ao movimento conservador dos investidores internacionais, que retiraram ativos das bolsas de valores e, no dizer de um colunista da Folha de S.Paulo, voltam a colocar o dinheiro embaixo do colchão.
O Globo anuncia em manchete que Brasil e Rússia perdem mais com a fuga dos investidores, que buscam lugares mais seguros para seu dinheiro.
Mas nenhum deles descreve o que pôde ser testemunhado por quem estava nas ruas do distrito financeiro da Nova York na segunda-feira, 12 de setembro de 2008.
Para quem andava por Wall Street na segunda-feira, o clima era de fim de mundo, com multidões aglomeradas diante dos painéis eletrônicos da Bolsa de Nova York e das corretoras, e disputando impressos produzidos às pressas e distribuídos de mão em mão.
A impressão que se tem é que os jornais relatam apenas o que aparece nas telas dos sites de análise financeira, e se esquecem de observar o mundo real.
O prêmio Nobel de Economia Josef Stiglitz, entrevistado na edição de quinta-feira (18/9) pelo Estado de S.Paulo, afirma que a queda de Wall Street significa para o fundamentalismo de mercado o que representou a queda do muro de Berlim para as economias socialistas do Leste Europeu, em 9 de novembro de 1989.
Para os distraídos, interessante lembrar que "wall street" quer dizer a "rua do muro".
Mas a imprensa ainda se nega a admitir que a atual crise financeira pode significar muito mais do que uma turbulência passageira.
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Fonte - Observatório da Imprensa