Como ontem aqui veiculado, BXVI convidou os cristãos à «construção de uma Europa profundamente humana e autenticamente cristã», durante a audiência geral celebrada nesta quarta-feira na Praça de São Pedro.
Segundo a Agência Zênit, o fez percorrendo a história do "Venerável Beda", sábio inglês cujas obras alcançaram grande renome em toda Europa, por quem o Papa alinhou que «também hoje haja personalidades à altura de Beda, para manter todo o continente unido».
Beda (672-735) foi um monge inglês, famoso por seus escritos espirituais e por suas investigações históricas, que viveu dedicado ao estudo e à vida contemplativa, e «a fama de santidade e sabedoria de que gozou já em vida lhe validou o título de venerável», explicou o Papa.
Entre suas obras, o Papa destacou a Chronica Maiora, que serviu de base à confecção do calendário cristão (que conta a história desde o nascimento de Cristo), assim como a História eclesiástica dos povos ingleses, pela qual foi reconhecido como «o pai da historiografia inglesa».
Também se referiu ao Computo, «que ele elaborou cientificamente para estabelecer a data exata da celebração pascal e, portanto, de todo o ciclo do ano litúrgico, e converteu-se no texto de referência para toda a Igreja Católica».
Outra faceta foi seu conhecimento da liturgia, especialmente a unificação da celebração da páscoa e o uso da língua vernácula para dirigir-se aos povos não greco-romanos, assim como suas catequeses aos fiéis sobre os sacramentos.
Fonte - Zenit
Nota DDP: Explorar um pouco mais esta referência ontem levantada é necessário face à radiografia da vida de Beda, de seus feitos para a igreja e, principalmente face ao momento político aberto pela proposição de resguardo do domingo apresentado no Parlamento Europeu.
BXVI já havia tentado introduzir no preâmbulo da constituição européia uma referência "às raízes cristãs da Europa", isto à época da liderança da Alemanha no bloco europeu, na pessoa de Angela Merkel. Naufragou em seu intento.
Com a propositura aviada por membros do Parlamento Europeu para consagrar o domingo como dia de descanso por via legislativa, rapidamente o pontífice aproveitou a abertura e voltou a carga com seu antigo discurso, agora revelando de forma mais clara onde quer chegar com o mesmo.
Ora o "Venerável Beda", como supra observado, é o responsável pela fixação do calendário da igreja, onde observamos a seguinte afirmativa: "Todos os domingos do ano são festas de nosso Senhor Jesus Cristo."
O domingo, portanto, vem no pacote do discurso. Reconhecer as raízes cristãs da Europa é em certo sentido voltar ao passado e trazer como base das diretrizes daquele continente os conceitos "cristãos", que interessam ao Vaticano claro. Daí a convicção que nada do que saia dos sete montes não tenha um destino definido.