segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Existirá mesmo um decreto dominical?

O contexto do decreto dominical encontra seu vértice nas três mensagens angélicas, uma vez que o conflito resume-se em uma simples palavra: adoração. O convite de Deus neste mister é levar Seus filhos à adoração verdadeira, fazendo referência já na primeira mensagem ao Sábado (basta comparar Ap 14:6-7 com Ex 20:11).

Na segunda mensagem (Ap 14:8) Deus anuncia a queda da babilônia religiosa e seu falso sistema de adoração para, em seguida, avisar aos que insistirem na operação do erro que receberão o sinal da besta (Ap 14:9), sendo este a contrafação da verdadeira adoração (Sábado x domingo).

Partindo deste princípio, temos como ASD´s, a missão que nos foi confiada por Deus:

“As profecias do livro de Apocalipse destacam claramente a missão do remanescente. As três mensagens angélicas de Apocalipse 14:6-12 revelam a proclamação do remanescente, a qual deverá trazer completa e final restauração da verdade do evangelho. Essas três mensagens angélicas correspondem à resposta divina aos extraordinários enganos satânicos que varrem o mundo justamente antes do retorno de Cristo (Apoc. 13:3, 8, 14-16). Imediatamente em seguida ao último apelo divino dirigido ao mundo, Cristo retorna para efetuar a colheita” (Apoc. 14:14-20). (Nisso Cremos 2003, pág. 226/227)

É ao que nos exorta inclusive a “pena inspirada”:

“Em sentido especial foram os adventistas do sétimo dia postos no mundo como atalaias e portadores de luz. A eles foi confiada a última mensagem de advertência a um mundo a perecer. Sobre eles incide maravilhosa luz da Palavra de Deus. Confiou-se-lhes uma obra da mais solene importância: a proclamação da primeira, segunda e terceira mensagens angélicas. Nenhuma obra há de tão grande importância. Não devem eles permitir que nenhuma outra coisa lhes absorva a atenção.” (A Igreja Remanescente, pág. 64)

Essa mensagem nos é confiada como forma de amedrontar os incrédulos? De forma alguma! No coração desta mensagem está a justificação pela fé!

“A mensagem do primeiro anjo proclama o evangelho eterno e convida à restauração da verdadeira adoração de Deus como Criador, uma vez que a hora do juízo é chegada. O segundo anjo adverte contra todas as formas de adoração originadas em mecanismos humanos. Finalmente, o terceiro anjo proclama o mais solene aviso divino contra a adoração da besta e de sua imagem – que é o procedimento no qual se envolvem, em última análise, todos aqueles que rejeitam o evangelho da justificação pela fé.” (Nisso Cremos 2003, pág. 232)

“Há grandes verdades, por muito tempo ocultas sob o monturo do erro, que devem ser reveladas ao povo. A doutrina da justificação pela fé tem sido perdida de vista por muitos que têm professado crer na terceira mensagem angélica. O Povo da Santidade tem ido a grandes extremos neste ponto. Com grande zelo têm ensinado: "Tão-somente crê em Cristo, e serás salvo; mas fora com a lei de Deus!" Não é isso que ensina a Palavra de Deus. Não há base para semelhante fé. Não é esta a preciosa gema da verdade que Deus deu ao Seu povo para este tempo. Esta doutrina desencaminha almas sinceras. A luz da Palavra de Deus revela o fato de que a lei tem de ser proclamada. Cristo tem de ser exaltado, porque Ele é um Salvador que perdoa a transgressão, a iniqüidade e o pecado, mas de modo algum terá por inocente a alma culpada e impenitente.” (Review and Herald, 13 de agosto de 1889.)

Diante do exposto, é absolutamente cristalino que não há como se descolar a justificação pela fé da chamada à verdadeira adoração, assim como não há como se falar do amor de Cristo negligenciando o selo de Deus. Fazer isso é transmitir uma mensagem incompleta, além de ser contrária à nossa identidade como Adventistas do Sétimo Dia e, principalmente, da missão que Deus nos confiou.

É mais do que óbvio que ninguém começa pelo fim, não há como se falar da verdade sem passar pelas suas colunas: Deus, Cristo, o Espírito Santo, a Bíblia e a Lei de Deus. No entanto, pregar a mensagem completa não é uma faculdade, mas uma obrigação do povo remanescente.

É também óbvio que isso não se demonstra como de fácil aceitação, tendo em vista o viés polêmico que encerra inclusive no seio do adventismo, como visto neste tópico, no entanto, Cristo nunca disse que neste mundo teríamos facilidades.

Há uma advertência aqui inclusive para ser considerada pelos novidadeiros do adventismo moderno: “O segundo anjo adverte contra todas as formas de adoração originadas em mecanismos humanos.” Todas as formas. A centralidade da adoração se situa na pessoa de Deus e não do adorador e muito menos de seus gostos. Quando aproximamos nosso sistema de adoração do culto babilônico, tal qual temos visto no mundo evangélico, o que infelizmente tem se acelerado em nosso meio e nos lançado de braços abertos no ecumenismo capitaneado pelos novos gurus do crescimento de igrejas, com seus métodos de marketing e auto-ajuda aplicados à religião. Nada mais sofístico. Crescimento com ou sem propósitos, mas em grande parte sobre a areia... Há muito que a pensata de Gamaliel não se aplica sem ressalvas, fosse assim e igrejas envolvidas em todo o tipo de contrafação ao Evangelho não cresceriam tanto.

Para estes menos avisados, inclusive para que não me chamem de “reacionário”, cabe a leitura atenta da recente advertência levantada pelo Pr. Erton Köhler, Presidente da Divisão, na RA, pág. 4. Transcrevo somente a citação feita de Le Roy Froom: “enquanto a igreja evangeliza o mundo, o mundo seculariza a igreja”. No mesmo diapasão, "a conformidade aos costumes mundanos converte a igreja ao mundo; jamais converte o mundo a Cristo" (O Grande Conflito, pág. 512)

Decreto dominical é algo impopular mesmo, mas faz parte da mensagem, e existirá, embora, para minha surpresa, muitos adventistas do sétimo dia ou sejam céticos quanto à questão, ou entendam que não é relevante ou, pior ainda, estejam pregando que o Sábado não é o selo de Deus. Sinal dos tempos. Ele vem.
Related Posts with Thumbnails