Bento XVI pediu aos "construtores" da nova Europa que esta seja "acolhedora, solidária e cada vez mais fiel às suas raízes cristã", defendendo a vida em todas as suas fases, os direitos das pessoas e famílias e o respeito pela natureza.
O Papa expressava-se numa mensagem enviada ao presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean-Louis Tauran, e ao presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, Arcebispo Gianfranco Ravasi, por ocasião da Jornada de Estudos do passado dia 3 de Dezembro, sobre o tema "Culturas e religiões em diálogo".
Para o Papa, "o diálogo intercultural e inter-religioso é uma prioridade para a União Europeia” e “a diversidade deve ser acolhida como um factor positivo e enriquecedor".
Bento XVI defende as iniciativas do diálogo intercultural e inter-religioso destinadas a "estimular a colaboração sobre temas de interesse recíproco, como a dignidade do ser humano, a procura do bem comum, a construção da paz e o desenvolvimento", mas adverte que "para ser autêntico, tal diálogo deve evitar sedimentos de relativismo e de sincretismo e ser animado pelo respeito sincero pelos outros e pelo espírito generoso de reconciliação e de fraternidade".
A mensagem reitera que a "Europa de hoje é fruto de dois milénios de civilização e as suas raízes estão fundadas tanto no antigo património greco-romano como no terreno fecundo do Cristianismo, que se revelou capaz de criar novos patrimónios culturais".
"O novo humanismo, originado na mensagem evangélica, exalta todos os elementos dignos da pessoa humana e a sua vocação ao transcendente, purificando-os dos resíduos que ofuscam o rosto autêntico do homem, criado à imagem e semelhança de Deus" afirma o Papa.
Bento XVI sublinha ainda que a "Europa exerceu e ainda exerce uma influência cultural no mundo inteiro e deve sentir-se particularmente responsável não só pelo seu futuro, mas também pelo futuro da humanidade".
"Apesar de alguns europeus tentarem ignorar as raízes cristãs da Europa, elas permanecem vivas e devem traçar o caminho e alimentar a esperança de milhões de pessoas que compartilham os mesmos valores", aponta.
O Papa encoraja aqueles que se dedicam à construção de uma Europa acolhedora, solidária e cada vez mais fiel às suas raízes, e convida os europeus a protegerem a herança cultural e espiritual que faz parte da sua história.
A mensagem conclui afirmando que a Igreja deve dialogar com o mundo e que os fiéis devem estar sempre prontos para promover iniciativas de diálogo intercultural e inter-religioso.
(Com Rádio Vaticano)
Nota Cristo Voltará: João Paulo II, antes da rejeição da Constituição Européia, fez grande esforço por incluir no seu preâmbulo a menção das origens cristãs da Europa. Houve grande debate sobre esse ponto, mas, finalmente quem deu a palavra final foi o presidente francês Jacques Chirac da época, dizendo que essa citação não poderia constar na Constituição Européia. A razão foi que a Europa agora possui muitas religiões e não poderia uma delas se oficial, como foi no passado. Outra razão é que a França, disse ele, desde a Revolução Francesa, é um país secularizado, e não poderia apoiar a união entre a igreja e o estado na Europa.
A questão parecia enterrada. Não está. O atual papa, Bento XVI volta ao assunto. Ele requer agora prioridade para o debate sobre o diálogo inter-religioso na Europa. E retorna a questão das origens cristãs da Europa, embutida nesse diálogo. Vai com isso obter o apoio popular contra alguns líderes, principalmente da França e da Bélgica, que no passado recente se haviam posicionado contra esse assunto. E agora está tendo apoios de peso, por parte de políticos importantes, como os atuais líderes da Alemanha, o ex. primeiro ministro da Inglaterra Tony Blair, o ex. presidente de Portugal, Mario Soares, e também de mais líderes e deputados.
A Europa está sendo preparada para dar apoio à santificação do domingo assim que os Estados Unidos emitirem o decreto dominical. Tudo aponta nessa direção.