Alister Doyle, Reuters
|
OSLO - O combate ao aquecimento global será mais eficiente se a questão for encarada como um dos problemas econômicos do mundo, não apenas como uma dor de cabeça puramente ambiental, afirmou um relatório preliminar da Organização das Nações Unidas.
O documento, que será divulgado pela ONU em Bangcoc no dia 4 de maio, diz que políticas econômicas relativas a todas as áreas podem ter grandes repercussões no controle da emissão de gases-estufa.
"Enquadrar o debate como um problema de desenvolvimento, em vez de um problema ambiental, pode fazer com que as metas imediatas de todos os países sejam melhor atingidas, especialmente dos países em desenvolvimento, com sua vulnerabilidade especial às mudanças no clima", afirma o relatório preliminar.
Os esforços para reduzir o uso de combustíveis fósseis, por exemplo, podem diminuir as emissões dos gases-estufa e, ao mesmo, tempo reduzir a poluição do ar, melhorar a segurança na área de energia e diminuir a dependência das importações.
O estudo cita o Brasil, junto com China, Índia e México, como exemplo de país que reduziu as emissões de gases-estufa nos últimos 30 anos. Os países em desenvolvimento cortaram as emissões nesse período em 500 milhões de toneladas ao ano, por motivos que nada têm a ver com o clima global.
"Muitos desses esforços têm como motivação o desenvolvimento econômico, a amenização da pobreza, a segurança energética e a proteção ambiental local", afirmou o texto.
Os cortes superam os exigidos pelo Protocolo de Kyoto, o principal plano da ONU para combater o aquecimento global, mas que até 2008-12 é aplicável apenas aos países ricos - com a exceção dos Estados Unidos, que se recusaram a participar.
"As iniciativas mais promissoras ... parecem ser as que faturam em cima da sinergia natural entre a proteção do clima e as prioridades de desenvolvimento, obtendo progressos simultâneos em ambas as áreas."
O resumo técnico preliminar de 101 páginas, obtido pela Reuters, faz parte de uma série de relatórios da ONU sobre o aquecimento global. Ele também conclui que combater as mudanças do clima não é muito caro.
As seguradoras, por exemplo, podem ajudar cobrando menos para segurar edificações que fiquem longe de áreas de risco de enchente, erosão, etc.
Segundo o texto, ainda não houve uma discussão séria sobre a relação entre desenvolvimento econômico e as mudanças no clima.
As negociações para criar um novo mecanismo de combate ao aquecimento global que suceda o Protocolo de Kyoto estão emperradas. Um dos motivos para o presidente George W. Bush, dos EUA, recusar-se a participar de Kyoto foi a exclusão, para ele injusta, dos países em desenvolvimento das metas obrigatórias.
Nota DDP:
Não deixe de ler as considerações do Pr. Santeli acerca do aquecimento global, comece aqui.