A população humana se reduzirá à metade antes o final do século 21, devido à combinação entre os instintos primatas e os avanços tecnológicos do Homo sapiens, previu ontem o arqueólogo Eudald Carbonell ao apresentar seu mais recente livro. O trabalho, intitulado "El Naixement d¿uma Nova Consciència", afirma que não é tarde demais para evitar o cataclismo.
O antídoto envolve compreender que os seres humanos dispõem de capacidades sem precedentes para alterar ecossistemas, que os recursos naturais são finitos, que os instintos animais herdados dos primatas mais antigos geram exploração insustentável e confronto violento, e que só o pensamento racional é capaz de conter esses instintos animais.
O co-diretor das escavações arqueológicas em Atapuerca, que desenvolve suas idéias sobre o futuro desenvolvimento da espécie humana com base em suas investigações sobre o transcurso do passado, duvida que a humanidade se venha a extinguir em curto prazo. Mas acredita que seja inevitável "o nascimento de uma nova consciência sobre a condição humana, que será uma consciência de nossa fragilidade".
O novo livro de Carbonell é uma continuação das reflexões que ele iniciou com "Planeta Humá" (2000) e "Encara No Son Humans" (2002), escritos em parceria com Robert Sala, nos quais defendia que a espécie humana não só evolui por seleção natural mas que está passando por evolução acelerada por seleção tecnológica.
O que vai acontecer antes que o século se encerre, apontou o arqueólogo ontem na coletiva de lançamento de seu novo livro, não é apenas "o desaparecimento de um grupo familiar ou de uma ilha varrida por uma inundação", mas "uma crise sem precedentes na história da humanidade".
Paradoxalmente, ele defendeu que sua nova obra não representa "catastrofismo", mas sim um "esforço para deter a crise" por meio da conscientização sobre os perigos que a humanidade enfrenta.
Tradução: Paulo Eduardo Migliacci ME
La Vanguardia