Bispos Europeus apelam a um novo modelo de sociedade, distante do mero consumismo
«A actual crise financeira manifesta uma profunda crise espiritual e um conjunto equivocado de valores». É a convicção dos bispos da Europa ao concluir nesta sexta-feira a Assembleia Plenária do Comité de Representantes das Conferências Episcopais da Europa (COMECE), realizada nestes dias em Bruxelas.
A crise actual reflecte-se na Europa numa tripla vertente: em primeiro lugar, «o resultado do referendo irlandês, que suspendeu o Tratado de Lisboa e a reforma institucional da UE»; em segundo lugar, «a crise geopolítica surgida do conflito do Cáucaso»; e em terceiro lugar, «a crise financeira e económica».
Centrando-se nesta última, os bispos assinalam com pesar que «o sentido e o valor do trabalho humano foram retirados pela luta generalizada pelo benefício».
O presidente da COMECE, D. Adrianus Van Luyn, bispo de Roterdão, advertiu que não se subestima a crise, porque o que se está a questionar é todo o modelo de sociedade ocidental.
«Quem considerar que a causa da crise financeira reside só na falta de transparência e de responsabilidade legal, talvez não perceba o facto de que é o nosso modelo social que está sendo posto em dúvida», acrescentou.
«Um modelo económico que está baseado no consumo continuado e ilimitado de recursos limitados só pode acabar mal», sublinhou.
Neste sentido, os bispos crêem que o debate sobre a mudança climática «oferece a oportunidade de questionar o estilo de vida da sociedade ocidental», já que «pergunta pela sobrevivência de uma grande parte da humanidade».
É necessário, portanto, «persuadir não só as mentes, mas também os corações de cidadãos, e convencê-los de que se distanciem do modo de viver predominante nos nossos países, muito enfocados no consumo».
A importância do Domingo
Outro dos temas tratados, dentro da preocupação geral pelas repercussões da crise, foi o respeito do Domingo como dia festivo, questão que está prevista no debate do Parlamento Europeu do próximo mês de Dezembro.
Os bispos europeus pedem que se respeite o descanso dominical «como um dos fundamentos da ordem social europeia», assim como «uma forma de equilibrar a vida familiar e o trabalho», frente a recentes legislações europeias que ameaçam o Domingo por questões políticas ou simplesmente consumistas.
Neste sentido, apelam à «responsabilidade dos membros do Parlamento» para que incluam a protecção do domingo na directriz sobre o horário de trabalho, especialmente neste momento de crise.
Por último, A COMECE pede à Europa que se envolva mais na defesa da minoria cristã do Iraque, e lamentam que a Europa «não se esforce o suficiente» para exigir de outros países o respeito à liberdade religiosa.
Fonte - Ecclesia
Nota DDP: A ponte crise ambiental/crise econômica/dia de descanso, há muito nas entrelinhas anunciada, agora é revelada às claras. Como visto na notícia anterior, o próprio novo presidente dos EUA já declinou que tratará de retomar o patamar moral americano. Ecos do discurso religioso no meio político é questão de tempo.
O futuro chegou. Se amarre na mão poderosa de Cristo.
"Declarar-se-á que os homens estão ofendendo a Deus pela violação do descanso dominical; que este pecado acarretou calamidades que não cessarão antes que a observância do domingo seja estritamente imposta; e que os que apresentam os requisitos do quarto mandamento, destruindo assim a reverência pelo domingo, são perturbadores do povo, impedindo a sua restauração ao favor divino e à prosperidade temporal." -- O Grande Conflito, pág. 590.