Em seu relatório anual, a ONG diagnosticou que a chamada "política do medo" criou em 2006 "um mundo perigosamente dividido".
"A política do medo está alimentando uma espiral de abuso de direitos humanos na qual nenhum direito é sacrossanto e ninguém está seguro", disse em sua nota à imprensa a secretária-geral da Anistia Internacional, Irene Khan.
"A 'guerra contra o terror' e a guerra no Iraque, com seu catálogo de abusos de direitos humanos, criaram divisões profundas que lançam uma nuvem sobre as relações internacionais, tornando mais difícil resolver os conflitos e proteger os civis."
Para a organização, existe um "arco de instabilidade" que se estende do Paquistão à região conhecida como o Chifre da África, onde estão a Somália e a Etiópia, passando pelo Oriente Médio. Esta seria uma faixa de "estados falidos".
Ao mesmo tempo, a comunidade internacional tem se mostrado "indisposta" ou simplesmente "impotente" diante de conflitos como o que há um ano opôs o grupo militante Hezbollah e Israel e deixou mais de mil mortos.
Medo doméstico
A organização destacou que em muitos países existe uma "agenda política ditada pelo medo", ampliando o abismo entre "os que têm e os que não têm, entre o 'eles' e 'nós'".
"Estratégias mal concebidas de combate ao terrorismo têm feito pouco para reduzir a ameaça de violência ou para assegurar justiça às vítimas dos ataques, mas têm feito muito para prejudicar os direitos humanos e o Estado de direito", disse Irene Khan.
Neste ponto, a entidade criticou especialmente os Estados Unidos, que "não demonstra qualquer constrangimento com relação à rede global de abusos que vem engendrando em nome do combate ao terrorismo".
"É indiferente ao infortúnio de milhares de detentos e de suas famílias, aos danos causados ao Estado de direito internacional, aos direitos humanos e à destruição de sua própria autoridade moral, que jamais esteve tão baixa em todo o mundo", criticou a secretária-geral da Anistia.
Fonte - BBC