A técnica conhecida como "roving bug" foi legalizada para oficiais de justiça dos Estados Unidos.
O método permite que um celular seja ativado a distância e usado como escuta remota. Isto pode ser feito ainda que o aparelho esteja desativado num dado momento, já que o telefone não se desliga completamente se não for retirada sua bateria. Não está claro se o procedimento inclui a instalação de um software ou a adição de um hardware no telefone alvo. O "roving bug" é proibido para investigadores particulares.
Segundo o site CNet News , a decisão foi do juiz Lewis Kaplan, durante um processo contra a Máfia. Ele argumentou que a lei da escuta telefônica é abrangente o suficiente para permitir o uso do artifício. O método foi utilizado nos celulares da marca Nextel que pertenciam a John Ardito e seu advogado Peter Peluso. Ambos são acusados de pertencerem à Máfia e Ardito é considerado um dos chefes da família Genovese, a mais poderosa.
Aparentemente, é a primeira vez que se utiliza esse tipo de mecanismo de escuta a distância em um caso na justiça americana. Porém, o tema já é antigo nas discussões sobre segurança. Um artigo de 2001 publicado no site do Western Region Security Office (Secretaria de Segurança da Região Oeste) já apontava que uma das vulnerabilidades de telefones móveis era a possibilidade de ser utilizado como microfone-transmissor dissimulado: "Um celular pode ser transformado em um microfone e transmissor com o propósito de ouvir conversas nos arredores do aparelho", dizia o relatório. Os aparelhos mais vulneráveis são os da Nextel, Samsung e Motorola Razr.
Uma notícia publicada em agosto de 2005 no Financial Times relatava de que maneira o uso do celular ajudou a polícia inglesa a capturar o criminoso Hussain Osman. De acordo com a reportagem, uma vez que a polícia ou as autoridades européias de segurança sabem o número de telefone do suspeito, elas podem pedir para a operadora localizar o usuário. A operadora também pode, segundo o Financial Times, instalar um software a distância que transforma o aparelho em uma escuta. O site também enfatizou que a polícia já havia capturado terroristas do IRA, seqüestradores e assassinos por meio desse método.
Na matéria do site CNet News, o porta-voz da Nextel, Travis Sowders, afirmou que a empresa não foi avisada do procedimento e "não foi chamada para participar". A Verizon Wireless se limitou a dizer que tenta colaborar o máximo possível com a Justiça. A Motorola apenas esquivou-se dizendo que, no caso, a melhor fonte de informação seria o próprio FBI.
Fonte - Terra