segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Duelo climático


Novo modelo de previsão do clima aponta que condições naturais equilibrarão efeitos do aquecimento global, mas, a partir de 2009, a ação humana fará com que sejam registradas temperaturas recordes
Agência FAPESP – Primeiro, a boa notícia: fenômenos naturais contribuirão para equilibrar, nos próximos anos, a influência do aquecimento global promovido pelo homem. A má notícia é que, a partir de 2009, o clima se elevará ainda mais, com pelo menos metade dos oito anos seguintes registrando temperaturas ainda maiores do que o recorde de 1998.
As conclusões são de um estudo feito por pesquisadores britânicos, cujos resultados estão publicados na edição de 10 de agosto da Science. Até agora, como a revista destaca em comentário, pesquisadores preocupados com os efeitos dos gases estufa no clima do planeta têm levado em conta apenas variáveis externas, como a ação humana. O novo estudo é o primeiro a incluir também condições naturais.
“Projeções anteriores de mudança do clima consideraram forças externas de fontes naturais e antropogênicas, mas não tentaram estimar a variabilidade natural gerada internamente”, descreveram os pesquisadores do Centro Hadley para Pesquisa e Previsão Climática, em Exeter, liderados por Doug Smith.
Em vez de apenas usar fatores como radiação solar, aerossóis atmosféricos ou gases estufa, que são afetados por mudanças externas ao sistema climático, os pesquisadores empregaram dados atuais e precisos dos oceanos e da atmosfera, e não apenas a partir de uma leitura global, mas regional.
O motivo é que fenômenos naturais, como o El Niño ou variações na circulação oceânica, segundo os autores, “podem causar mudanças de curto prazo, especialmente em regiões específicas, que são bastante diferentes do aquecimento esperado para o próximo século como resultado de atividades humanas”.
Antes de fazer a previsão para os próximos dez anos, o Sistema de Previsão Climática Decadário (DePreSys), desenvolvido pelos pesquisadores, foi aplicado no período de 1982 a 2001. Os resultados se mostraram de 20% a 36% mais acurados do que em outros modelos.
Segundo a Science, o estudo é importante, uma vez que previsões climáticas para as próximas décadas poderão ajudar governos a direcionar o foco para quando e onde as mudanças mais severas poderão ocorrer. “Ou eles poderão reconhecer quando a iminente ameaça de aquecimento global será disfarçado – temporariamente – pela variabilidade natural.”
O artigo Improved surface temperature prediction for the coming decade from a global climate model, de Doug Smith e outros, pode ser lido por assinantes da Science em http://www.sciencemag.org/. (Envolverde/Agência Fapesp)

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