terça-feira, 6 de novembro de 2007

Armagedon humano?

Por Leonardo Boff

Os atuais cenários sombrios sobre o futuro do sistema-vida e especificamente da espécie humana permitem que biólogos, bioantropólogos e astrofísicos aventem o possível desaparecimento da espécie homo sapiens/demens ainda neste século. Aduzem argumentos que merecem ponderação. O mais robusto parece ser aquele da superpopulação articulada com a dificuldade de adaptação às mudanças climáticas. Na escala biológica verifica-se um crescimento exponencial.
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Lynn Margulis e Dorian Sagan, notáveis microbiólogos, no conhecido livro Microcosmos (1990) afirmam com dados dos registros fósseis e da própria biologia evolutiva que um dos sinais do colapso próximo de uma espécie é sua rápida superpopulação. Isso pode ser comprovado por micro-organismos colocados na cápsula Petri (placa redonda com colônias de bactérias e nutrientes). Pouco antes de atingirem as bordas da placa e se esgotarem os nutrientes, multiplicam-se de forma exponencial. E de repente morrem. Para a humanidade, comentam eles, a Terra pode mostrar-se idêntica a uma cápsula Petri. Com efeito, ocupamos quase toda a superfície terrestre, deixando apenas 17% livre: desertos, floresta amazônica e regiões polares. Estamos chegando às bordas físicas da Terra. Há explosão demográfia e decrescimento dos meios de vida num planeta limitado. Sinal precursor de nossa próxima extinção?

O prêmio Nobel em medicina, Christian de Duve, sustenta que estamos assistindo a sintomas que precederam no passado as grandes dizimações. Normalmente desaparecem por ano 300 espécies vivas porque chegaram ao seu climax evolucionário. Dada a pressão industrialista global sobre a biosfera estão desparecendo cerca de 3.500. Um desastre biológico. Será que agora não chegou a nossa vez?
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Tais reflexões nos permitem falar de um possível Armagedon humano. Este representa um desafio para as religiões que vêem o fim da espécie como obra do Criador e não da atividade humana. Para o Cristianismo a morte coletiva, mesmo induzida, não impede o triunfo final da vida pela via da ressurreição e da transfiguração de toda a criação por Deus.

Fonte - Envolverde

Nota DDP:
Dois pontos interessantes neste artigo:
1) - Um teólogo católico defendendo um final dos tempos diferente daquele descrito na Bíblia, sem contar a argumentação evolucionista que retirei da transcrição supra;
2) - O testemunho do cientistas que o final do mundo como conhecemos está prefigurado no horizonte da humanidade.
Sem contar a questão de fundo já analisada neste blog sobre o conceito de ecoterrorismo que este tipo de argumentação encerra.
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