sexta-feira, 25 de julho de 2008

A crise alimentar

“Um desastre alimentar ameaça 14 milhões de pessoas”

Entrevista com Josette Sheeran, diretora do Programa Alimentício Mundial da ONU

Desde 2007, Josette Sheeran dirige o Programa Alimentício Mundial (PAM), a agência das Nações Unidas encarregada de lutar contra a fome no mundo. A sua função é de intervir nas situações de emergência. Em entrevista ao “Le Monde”, ela descreve o processo que desembocou nesta crise.
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Le Monde - Quantas pessoas foram atingidas pela atual crise dos alimentos?

Josette Sheeran - É difícil responder com precisão. Segundo as nossas estimativas, há um bilhão de pessoas que vivem com menos de 1 dólar por dia. Para nós, este é o limite da pobreza, abaixo do qual a sobrevivência é problemática.

Ora, com a explosão dos preços dos alimentos e daqueles da energia, o poder aquisitivo que representa um dólar foi de uma só vez dividido por dois! Essas populações se encontram numa situação de vulnerabilidade extrema. Elas são as principais vítimas da crise atual. É claro, nos países desenvolvidos também as populações padecem com a explosão dos preços, mas os remédios existem, e vêm sendo implementados pelos Estados. Já, nos países em desenvolvimento, não existe nada disso. Eles não podem contar com ninguém, a não ser com eles mesmos.
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Le Monde - Mesmo entre os países pobres, alguns foram mais atingidos do que outros.

Josette Sheeran - Exato. Em certos casos, as condições locais contribuem para agravar a situação. Isso pode ser constatado no Chifre da África, onde um desastre alimentar ameaça mais de 14 milhões de pessoas. Elas precisam enfrentar dificuldades suplementares próprias da região: uma sucessão de colheitas ruins, uma onda de seca recorrente, uma situação política caótica como é o caso na Somália, onde, aliás, cinco dos nossos trabalhadores foram mortos.

No Chifre da África, estamos à beira do desastre. Todos os dias, as nossas equipes locais estudam atentamente as condições meteorológicas. Se chover dentro dos próximos quinze dias, poderemos esperar conseguir boas colheitas no final do ano. Caso contrário, o pior estará à nossa espera.
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Tradução: Jean-Yves de Neufville

Fonte - Acerto de Contas

ONG diz que alta dos alimentos pode levar milhões de africanos à miséria

Londres, 24 jul (EFE).- A alta do preço dos alimentos ameaça levar milhões de pessoas do leste da África à pobreza extrema, alertou hoje a ONG Oxfam.

A entidade fez um apelo aos países mais ricos para que aumentem a ajuda à região. A falta de chuvas, os conflitos étnicos e a pobreza crônica são alguns dos fatores que podem levar 13 milhões de pessoas a necessitar de um auxílio humanitário urgente.

A Oxfam disse que a situação se agravou com o aumento dos preços dos alimentos.

"O custo da comida aumentou até 500% em alguns lugares, deixando em pobreza extrema uma população que sofreu com sucessivos períodos de seca", disse a entidade em comunicado.

Segundo a Oxfam, o custo do arroz importado na Somália subiu 350% entre o início de 2007 e maio de 2008. Neste país, 35% da população precisa de ajuda emergencial e o número pode chegar a 50% no final deste ano.

Rob McNeil, um membro da ONG que esteve recentemente no continente africano, disse que o cenário na Etiópia é desolador.

"Algumas das estradas estavam cobertas por gado morto. Quase não existe água para as pessoas e animais. A população está cada vez mais desesperada", disse McNeil.

Fonte - BOL
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