sexta-feira, 25 de julho de 2008

Santa Sé discute ecologia humana

Expo de Zaragoza acolheu posição da Igreja sobre temas ambientais

Por Antonio Gaspari

ZARAGOZA, quinta-feira, 24 de julho de 2008 (ZENIT.org).- No âmbito da Expo Mundial sobre a água realizada este mês em Zaragoza (Espanha), a Santa Sé contou com um pavilhão, onde, no dia 10 de julho, promoveu o congresso intitulado «A questão ecológia: a vida do homem no mundo».

No congresso, que se prolongou até 12 de julho, intervieram, entre outros, o cardeal Renato Raffaele Martino, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, o bispo Giampaolo Crepaldi, secretário do mesmo dicastério e autor do livro «Ecologia ambiental e ecologia humana», publicado na Itália pela editora Cantagalli.

Dom Crepaldi afirmou que, segundo a Doutrina Social da Igreja, «a natureza, entendida do ponto de vista biológico e natural, não é algo absoluto, mas uma riqueza posta nas mãos responsáveis e prudentes do homem».

«A Igreja --acrescentou-- vê sempre a natureza em relação com Deus e com o homem, não a vê apenas como um conjunto de coisas, mas também de significados», por isso, «a natureza encontra seu sentido em um diálogo entre o homem e Deus e as próprias coisas encontram seu lugar em uma relação de amor e de inteligência».

«Deste modo --sublinhou Dom Crepaldi--, o ensinamento da Igreja lança sobre a natureza a luz da revelação, a luz da criação e a luz escatológica da redenção», pelo que «a natureza é para o homem e o homem é para Deus».

Enfrentando o tema das tarefas do homem, o secretário do dicastério vaticano rechaçou as ideologias reducionistas e anti-humanas como «aquelas que tendem ao biologismo, ao catastrofismo ou ao naturalismo egoísta», e propôs uma visão antropológica conjugada no contexto da ecologia humana.

«Na perspectiva da doutrina social da Igreja, a emergência ecológica não é apenas uma emergência natural, mas é também uma emergência antropológica», porque «o modo de relacionar-se com o mundo depende do modo de relacionar-se do homem consigo mesmo», observou.

Neste sentido, sugeriu o secretário de «Justiça e Paz», é decisivo «não reduzir a natureza, utilizando os critérios do utilitarismo, que a converte em mero objeto de manipulação e exploração, mas tampouco há que absolutizar a natureza, nem sobrepô-la em dignidade à própria pessoa humana».

Em um correto estabelecimento da questão ambiental, concluiu, a natureza não deve ser considerada «uma realidade sacra ou divina, subtraída da ação humana». Nesse contexto, é necessário «harmonizar as políticas de desenvolvimento com as políticas ambientais, no âmbito nacional e internacional».

Intervindo no debate de 12 de julho, o cardeal Renato Martino sublinhou que há que «remontar ao conteúdo das Sagradas Escrituras para compreender o fundamento do interesse da Igreja pela questão ecológica ou ambiental».

Ele afirmou que é preciso ler o relato da criação para compreender «a relação que Deus estabeleceu entre o universo criado e a humanidade e o posto especial em que Deus pôs a humanidade dentro desse universo». [O que foi criado no sétimo dia? o Sábado!]

A percorrer a história da Doutrina Social, e em particular o ensinamento sobre a questão ambiental, o presidente de «Justiça e Paz» recordou a primeira encíclica social, a Rerum Novarum, de Leão XIII (1891), em que o pontífice estabeleceu que a Igreja é «a autêntica voz ao tratar as questões em torno da justiça social, incluindo a proteção do ambiente natural».

Segundo o cardeal Martino, o magistério social --com especial referência às questões ambientais-- teve um enorme desenvolvimento com a Gaudium et Spes, onde se observou que, «levando adiante as tarefas cotidianas, a humanidade coopera e completa o trabalho da Criação».

Notável foi também a contribuição do Papa Paulo VI, que em 1967, com a Populorum Progressio, indicou «o papel da humanidade dentro da criação». Com a Octogesima Adveniens, desse mesmo Papa, em 1971, a questão ambiental, como questão social, assumiu maior importância.

João Paulo II desenvolveu intensamente a concepção do meio ambiente como casa e recurso da humanidade, e a conjugou em uma ordem virtuosa e moral dentro da ecologia humana.

O Papa Bento XVI, na mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2008, relançou o papel do homem, da família e da educação para melhorar as condições da humanidade e salvaguardar a criação. [Muito provavelmente na visão Católica Romana o papel do homem e da família na salvaguarda da criação é descansar no Domingo.]

Fonte - Zenit

Muito difícil não ser o ECOmenismo a alavanca para o Decreto Dominical.

[Notas de Fernando Machado]
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