quinta-feira, 31 de julho de 2008

Polícia inglesa tem 4 milhões de registos de ADN

Reino Unido enfrenta acusações de caminhar para um Estado totalitário

O maior banco de registos de ADN do Mundo, no Reino Unido, tem 4 milhões de nomes. 40% são de negros, 13% de asiáticos e 9% de brancos. "É o primeiro passo para um Estado totalitário", diz a Comissão de Genética do país.

A Comissão de Genética Humana (HGC) do Reino Unido apresentou um relatório sobre o banco de ADN da Polícia britânica, o maior do Mundo, que conta com o registo de 4 milhões de pessoas, afirma o jornal "The Guardian".

Entre os registos, há casos considerados pela HGC como inaceitáveis de pessoas detidas por jogarem a bola em local considerado impróprio ou por atirarem bolas de neve.

O grupo de especialistas pede a exclusão dos dados de pessoas sem ficha criminal e o controlo independente das informações do banco de ADN.

Entre estas informações estão as de um milhão de pessoas que não foram declaradas culpadas de crime algum, incluindo 100 mil menores acusados de crimes sem importância legal, afirma em um relatório a Comissão de Genética Humana.

Neste âmbito, predominam os jovens negros - 40% do total - em comparação com 13% de asiáticos e apenas 9% de brancos.

A Polícia britânica realiza testes genéticos de todas as pessoas que detém, independentemente de serem ou não acusadas após algum crime, e o seu ADN fica então nesse registo central.

A Polícia pode prender por mendicidade, bebedeira, alteração da ordem pública, mau estacionamento ou por participar numa manifestação ilegal.

Segundo um membro da HGC, este banco de dados é "o primeiro passo para um Estado totalitário". A Comissão pediu que, após algum tempo de manutenção dos registos, sejam eliminadas da base de dados as informações relativas a crimes menores ou de pessoas que não tenham sequer sido condenadas.

Para a HGC, o facto do banco conservar o ADN de adultos que já cumpriram pena ou foram considerados inocentes pelo tribunal equivale a criminalizar o indivíduo por toda a vida.

"Actualmente não se distingue entre alguém detido por alteração da ordem pública ou um assassino convicto e sentenciado", diz o relatório da Comissão, cujos membros querem alertar o público sobre os perigos deste banco de dados.

Um porta-voz do Ministério do Interior britânico disse ao jornal "The Independent" que "o banco de informações genéticas é uma ferramenta-chave que revolucionou a forma como a Polícia pode proteger o público, identificando os criminosos e fazendo com que haja mais penas".

Fonte - Jornal de Notícias
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