Em Praga
Nos últimos anos pergunta-se de forma cada vez mais enérgica se as mudanças climáticas globais ocorrem ou não segundo ciclos naturais; até que ponto nós, humanos, contribuímos para tais mudanças; que perigos são provocados por estas e o que pode ser feito para preveni-las.
Estudos científicos demonstram que quaisquer alterações na temperatura e nos ciclos de energia em escala global poderiam significar uma ameaça generalizada para todas as pessoas em todos os continentes.
Também é óbvio, com base nas pesquisas publicadas, que a atividade humana é uma causa de mudança; só que não sabemos qual o tamanho da contribuição específica desta atividade. Mas, é realmente necessário conhecer o tamanho desta relação de causa e efeito com uma precisão que chegue ao último ponto percentual? Ao aguardar por uma precisão incontestável, não estaríamos apenas perdendo tempo, quando poderíamos estar tomando medidas que são relativamente indolores quando comparadas àquelas que teríamos que adotar após mais postergações?
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Não concordo com aqueles cuja reação às possíveis ameaças é alertar contra as restrições às liberdades civis. Caso as previsões de alguns climatologistas se confirmem, as nossas liberdades serão equivalentes àquelas de alguém dependurado no parapeito no vigésimo andar de um edifício.
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Toda vez que reflito sobre os problemas do mundo de hoje, quer estes digam respeito à economia, à sociedade, à cultura, à segurança, à ecologia ou à civilização em geral, sempre acabo me confrontando com a questão moral: que ação é responsável ou aceitável? A ordem moral, a nossa consciência e os direitos humanos - essas são as questões mais importantes no início do terceiro milênio.
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Como resultado dos nossos esforços empreendedores e da nossa irresponsabilidade, o nosso sistema climático pode não deixar um espaço para nós. Se adiarmos as ações, a margem para a tomada de decisões - e, conseqüentemente, para a nossa liberdade individual - poderá ficar bastante reduzida.
* Vaclav Havel é ex-presidente da República Tcheca.
Traduzido do tcheco por Gerald Turner.
Tradução: UOL
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Fonte - UOL [Assinantes]
Nota DDP:
Como já considerado neste espaço, a conclusão do relacionamento moral do homem com a questão ambiental e a necessidade de serem limitadas as liberdades individuais neste particular já estão enraizadas e pregadas abertamente.
Veja ainda Aquecimento global é culpa do homem.
NOTA: Como era de se esperar, as liberdades civis já começam a ser questionadas diante das "mudanças climáticas", ainda que com argumentos contraditórios: ao mesmo tempo que o autor questiona as liberdades civis diante da "crise" ambiental, afirma depois que as coisas mais importantes no terceiro milênio são "a ordem moral, a nossa consciência e os direitos humanos". Como é que ele pretende promover os "direitos humanos" jogando por terra as liberdades civis? Só metendo os pés pelas mãos, ou então, usando uma ética utilitarista (quando o bom é o útil) do tipo usado por Caifás: "Nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo e que não venha a perecer toda a nação" (Jo 11:50). O que só vem confirmar que a crise final profetizada no Apocalipse está diante de nós...
"Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus" (Ap 14:12).