Postado por Carlos Castilho em 6/9/2007 às 11:05:59 AM
Se existe uma empresa que possa ser considerada um show case do capitalismo digital esta empresa é a Google.
Ela começou no dormitório de alunos da Universidade Stanford, em 1998, hoje vale 160 bilhões de dólares e começa a assustar o mundo inteiro pelo volume de informações arquivadas em aproximadamente 450 mil computadores do tipo servidor espalhadas pelo planeta.
A Google é vista como um paradigma da era digital porque saiu do nada pelas mãos de dois estudantes que abandonaram a faculdade e cometeram a ousadia de dar de graça o principal produto da empresa, um sistema de buscas de informações na Web.
Larry Page e Sergei Brin tinham 25 anos quando criaram a companhia cujo principal atrativo era um sistema de classificação de buscas na Web que facilitava enormemente a vida dos internautas, quando recebiam uma avalancha de resultados, onde era praticamente impossível separar o joio do trigo.
Hoje, a Google já vale mais do que a Microsoft embora o seu patrimônio físico represente apenas uma fração mínima de sua cotação na bolsa. A empresa de Larry e Sergei cresce tanto que hoje ela se tornou uma dor de cabeças para os estrategistas financeiros mundiais porque a Google não segue os modelos corporativos convencionais.
A última edição da revista inglesa The Economist (leia tradução no OI) reflete bem a angustia dos gurus do capitalismo mundial diante do gigantismo cada vez maior da Google e das dificuldades para prever os rumos futuros do modelo de negócios da empresa.
Para se ter uma idéia, a patente do mecanismo de buscas que gerou todo o império Google é de propriedade da Universidade Stanford e só foi registrado três anos depois da criação da empresa. Ou seja, a principal ferramenta da Google não é dela e seu principal ativo é intangível, pois são bytes de informação e que atendem seis em cada dez buscas feitas por internautas em todo mundo.
O segredo do sucesso parece óbvio, pois a empresa oferece a solução perfeita para encontrar o que buscamos no meio da avalancha de 5 exabytes de documentos colocados anualmente na Web (equivalente a 50 mil vezes todo o acervo digitalizado da biblioteca do Congresso norte-americano, a maior do mundo).
Mas o medo tem também razões óbvias. Além da imprevisibilidade da performance futura da Google, começa a se espalhar o vírus da dúvida em relação o que pode ser feito com o fantástico volume de informações guardadas nos servidores que acumulam uma quantidade de documentos estimada pela Revista Wired em centenas de petabytes (cada petabyte equivale a um quadrilhão de bytes).
O The New York Times recebe diariamente pelo menos uma queixa de usuários da Web contra a captura de informações antigas por mecanismos de busca que indexaram os arquivos do jornal, que digitalizou suas edições desde o inicio do século passado.
Muita gente já começa a sentir o chamado Efeito Google, ou seja, fatos já empoeirados ganham uma incomoda atualidade quando aparecem na lista de resultados de buscas. Os casos mais freqüentes acontecem nos pedidos de emprego, quando os candidatos acabam confrontados com informações a seu respeito que muitos ignoravam ou já haviam esquecido.
A privacidade individual está sendo gradualmente reduzida a pó, especialmente na geração mais jovem, cuja existência inteira já está documentada na Web através de fotos, gravações de áudio, vídeo e texto.
Por tudo isto, o Google está deixando de ser apenas uma empresa. Seu banco de dados internacionalizado começa a ser visto como uma questão global.