terça-feira, 23 de outubro de 2007

Catolicismo em mudança apresentado no Vaticano

Numa longa entrevista à Agência ECCLESIA, D. Carlos Azevedo, Secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, analisa as alterações no catolicismo português, que os Bispos apresentarão no Vaticano na próxima visita Ad limina.

Agência ECCLESIA (AE) - Na primeira visita «Ad limina» dos bispos de Portugal neste milénio que rosto ou imagem levarão da Igreja Portuguesa ao Papa Bento XVI?
D. Carlos Azevedo (CA) - ...concluímos que, nos últimos anos, há um decréscimo de frequência de prática dominical.
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AE - Perante estas constatações, já existe uma reflexão sobre o porquê deste decréscimo da prática dominical?
CA - Na altura - ainda não estava na Conferência Episcopal - houve uma preocupação imediata com a situação e convidou-se algumas personalidades a ajudar os bispos a reflectir sobre esta temática. Parece a época dos incêndios - toda a gente está preocupada na altura - mas, passada essa fase, espera-se pelo ano seguinte. No ano 2010 ou 2011, quando se fizer outro censo, ficaremos preocupados. Até lá ficaremos descansados.

AE - A Igreja está despreocupada com estes pormenores importantes?
CA - Se as pessoas deixam de frequentar, devemos aprofundar as razões e fazer um programa para que voltem.
...
AE - Recentemente, disse que «não intervir é pecar». A igreja já viu os problemas mas não consegue dar o salto para a intervenção?
CA - Há uma grande dificuldade de operacionalidade na Igreja em Portugal. Fazem-se análises objectivas e interessantes, mas não há quem dê corpo às soluções apontadas.

AE - Numa civilização urbana, onde a indiferença reina, a Igreja deveria assumir um papel congregador.
CA - Isso acontece muitas vezes. Ir à missa ao domingo não deve ser uma «obrigação» mas o celebrar a fé.

AE - A celebração implica alegria, mas essa é, muitas vezes, escassa nas eucaristias.
CA - Muitas vezes, o celebrante tem que fazer um esforço para animar a comunidade. As pessoas estão sisudas e dão respostas sem vivacidade. Os cristãos quando entram na igreja colocam uma cara de sexta-feira santa. Temos um cristianismo pouco pascal e demasiado quaresmal. É reduzida a perspectiva de acolher o cristianismo como salvação e esperança. Espero que a nova encíclica do Papa possa impulsionar esta dinâmica.
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Nota DDP:
O domingo sempre em pauta. Esperemos a nova encíclica papal que, claramente, tratará do assunto.
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