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1) - Fim dos jornais? Desconfie
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Com a crise financeira solapando empresas dos mais variados segmentos, a imprensa ― que já vivia uma crise própria ― vê estarrecida os jornais americanos serem jogados no triturador, dia após dia.
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De longe, eu olho para tudo isso com a maior das desconfianças. E tenho cá minhas razões para o ceticismo:
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3) É muita ingenuidade acreditar que, mesmo que os jornais acabem, os grandes grupos de mídia também vão acabar. Isso mostra o quanto essa discussão ainda é turva e como confundem o fim dos jornais com o fim do jornalismo.
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4) E finalmente, porque sem uma imprensa forte e vigilante, a democracia fica enfraquecida. Sobre essa questão, meu amigo Ram Rajagopal tem algo a acrescentar: "Democracia não se faz de palpites ou de intenções de pequenos indivíduos isolados, mas da força de instituições que a preservam. E uma destas instituições, que inclusive aparece na Constituição americana e na francesa, é a imprensa. Já cometemos um erro quando deixamos a imprensa receber grana do governo para sobreviver. Cometeremos mais um quando, incapazes de entender os fundamentos de uma democracia, acharmos que a função de um jornal é entreter o copo de café morno de manhã... Inclusive, a pequenez da ideia de que não devemos pagar, voluntariamente, por um serviço que preserva a democracia, é um tiro no próprio pé. O mundo pode conviver com blogs E jornais E livros E Kindle etc... Quanto mais informação, quanto mais observação, mais garantias temos da nossa liberdade".
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2) - O governo invisível
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Quando comecei a trabalhar no jornalismo, todos ali sabíamos que o produto do nosso trabalho eram superficialidades para consumo popular.
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Sei que esse processo, nos EUA, está longe de ter alcançado a compacta densidade das trevas brasileiras. No entanto, a velocidade que ele ganhou na última eleição justifica o temor de que, em breve, as classes falantes americanas também estarão tateando no escuro, sem exigir claridade por já não imaginarem que raio de coisa é isso.
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Em artigos vindouros, darei mais exemplos de medidas drásticas, de conseqüências incalculáveis, que estão sendo adotadas pelo governo Obama com velocidade alucinante, todas elas obviamente prejudiciais à nação americana, e noticiadas de tal modo que nenhuma discussão suscitem, isto quando não passam totalmente despercebidas, soterradas sob páginas e páginas de futilidades sobre os vestidos da sra. Obama, o cãozinho da família ou o tempero do sanduíche comido pelo presidente numa loja de fast-food, coisas que antigamente ficavam para os tablóides de fofocas vendidos nos supermercados, e que agora são matéria de amorosa atenção pelo Washington Post e pelo New York Times.
A América, sem sombra de dúvida, brasilianiza-se.
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Destes destaques gostaria de comentar algumas coisas. Longe de entrar no mérito do conflito entre jornais e blogs, ou dos críticos do novo presidente americano, podemos identificar algumas coisas:
A primeira no sentido de que a queda da imprensa pensante obviamente não é por acaso. Não que em algum momento da história tenhamos subsídio para afirmar que os meios de comunicação não fossem de alguma forma subservientes aos interesses das classes dominantes, no entanto, o enfraquecimento generalizado deste segmento acaba por solapar as poucas vozes ainda dissonantes, o que realmente é um perigo para a manutenção de uma sociedade "livre".
Em segundo lugar, a conclusão não menos óbvia de que a imprensa em geral preocupada apenas com os números não tem nenhum pudor em veicular apenas amenidades e, por este lado inclusive produzir conteúdo alinhado com quem lhe paga, até mesmo o governo.
Por fim, de se observar como o império americano tem se desviado de seus princípios e, especialmente, como se encontra em processo acelerado de uma mudança absolutamente histórica em seus fundamentos.
Estes três elementos, outros poderiam ser agregados, nos chamam a atenção para a rápida diminuição da liberdade, o crescente sentimento de não se entender exatamente o que está a acontecer (vide o caso da gripe "A") e a manipulação cada vez mais explícita da informação (quem controla a informação controla o mundo), tudo isso em um quadro onde vários componentes específicos da profecia estão cada vez mais alinhados.
A primeira no sentido de que a queda da imprensa pensante obviamente não é por acaso. Não que em algum momento da história tenhamos subsídio para afirmar que os meios de comunicação não fossem de alguma forma subservientes aos interesses das classes dominantes, no entanto, o enfraquecimento generalizado deste segmento acaba por solapar as poucas vozes ainda dissonantes, o que realmente é um perigo para a manutenção de uma sociedade "livre".
Em segundo lugar, a conclusão não menos óbvia de que a imprensa em geral preocupada apenas com os números não tem nenhum pudor em veicular apenas amenidades e, por este lado inclusive produzir conteúdo alinhado com quem lhe paga, até mesmo o governo.
Por fim, de se observar como o império americano tem se desviado de seus princípios e, especialmente, como se encontra em processo acelerado de uma mudança absolutamente histórica em seus fundamentos.
Estes três elementos, outros poderiam ser agregados, nos chamam a atenção para a rápida diminuição da liberdade, o crescente sentimento de não se entender exatamente o que está a acontecer (vide o caso da gripe "A") e a manipulação cada vez mais explícita da informação (quem controla a informação controla o mundo), tudo isso em um quadro onde vários componentes específicos da profecia estão cada vez mais alinhados.