O porta-voz do Pentágono, Bryan Whitman, referiu não saber desde quando o referido relatório diário cita as passagens da Bíblia Sagrada.
O General Glen Shaffer, reponsável pela introdução dos textos e reformado desde agosto de 2003, referiu ter sido apoiado nesta inciativa pelo presidente Bush e pelo secretário de estado Donald Rumsfeld (que já veio a público negar este dado).
Pelo menos desde o início da invasão do Iraque, os relatórios diários preparados para o presidente americano incluíram versículos dos Salmos, da carta de Paulo aos Efésios e das epístolas de Pedro. Durante a anterior administração, os textos focavam quase sempre a guerra no Iraque.
Aparentemente, esta iniciativa teve o objetivo de apoiar o presidente Bush numa altura em que as mortes de militares americanos aumentavam cada vez mais no Iraque, segundo noticiou a revista GQ. No entanto, um analista muçulmano que trabalha no Pentágono, sentiu-se ofendido com as alusões, que preocuparam também outros funcionários que consideraram as passagens bíblicas inapropriadas.
No dia 20 de abril de 2003, o relatório citava Salmos 33:18, que refere 'eis que os olhos do Senhor estão sobre os que os temem, sobre os que esperam na sua misericórdia', ao lado de imagens do derrube da estátua de Saddam Hussein em Bagdad.
Duas semanas antes, por cima de uma imagem de um tanque americano no deserto, estava o texto de Efésios 6:13 'portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau, e havendo feito tudo, ficar firmes'.
Noutra imagem, sob fundo de um discurso de Saddam Hussein, lia-se: 'porque assim é a vontade de Deus que, fazendo bem, tapeis a boca à ignorância dos homens loucos' (I Pedro 2:15).
O Reverendo Barry W. Lynn, diretor-executivo da 'Americans United for Separation of Church and State' (Americanos Unidos pela Separação de Igreja e Estado), disse a propósito que os soldados americanos 'não são crusados cristãos e não devem ser descritos como tal'.
Lynn continuou: 'representar a guerra no Iraque como um tipo de guerra santa é completamente revoltante. É contrário à separação constitucional de religião e governo e altamente prejudicial para a reputação americana no mundo'.
Veja algumas das imagens em causa aqui, clicando depois em 'CLICK FOR SLIDESHOW >'.
Parece que a herança protestante da América está a ser gravemente ameaçada desde que Barack Obama tomou posse (veja a propósito o anterior artigo 'Dia Nacional de Oração').
Quase sem nos apercebermos, pequenos sinais vão sendo dados de que a grande nação americana, a única no mundo que na sua constituição faz referência a Deus, está a perder o seu sentido religioso.
Não estou a defender a inclusão dos textos bíblicos nos documentos do Pentágono; até julgo que estarão quase todos tremendamente fora de contexto. Mas penso que se discerne aqui um toque claro de descolagem dos princípios protestantes que estiveram na base da fundação dos Estados Unidos.
E, veja-se, isso surge precisamente por uma nobre razão, desde sempre ali defendida: o princípio da liberdade religiosa. Aquilo que começa a ser novo, é o gradual 'apagamento' da figura de Deus, sobre esse mesmo pretexto do respeito pelas crenças de todos, mesmo os que não têm crença alguma (veja o artigo 'Religião dos sem religião').
Sobre o renunciar ao protestantismo, Ellen White escreveu em 1893 (negritos meus para destaque): 'o povo dos Estados Unidos tem sido um povo favorecido, mas quando eles restringirem a liberdade religiosa, renunciarem ao protestantismo e apoiarem o papado, a medida de sua culpa estará cheia, e nos livros do céu estará escrito: apostasia nacional' (Eventos Finais, pág. 117).
Fonte - O Tempo Final
Fonte - O Tempo Final