JC e-mail 3764, de 19 de Maio de 2009.
Elevação do nível do mar seria 25% maior na América do Norte
O derretimento de uma das maiores áreas congeladas da Terra pode alterar o campo gravitacional do planeta, bem como a sua rotação no espaço, de tal maneira que causaria uma elevação do nível dos mares em algumas áreas costeiras bem mais acelerada do que a média global. O alerta foi feito ontem por cientistas.
A elevação do nível dos mares seria maior nas costas oeste e leste da América do Norte, onde um aumento 25% superior à média global causaria enchentes catastróficas em cidades como Nova York e Washington D.C.
Um estudo sobre como a cobertura de gelo da parte ocidental da Antártica reagiria diante do aquecimento global revelou que a sua desintegração alteraria o foco do campo gravitacional do planeta. Com isso, o nível do mar se elevaria desproporcionalmente mais nas áreas costeiras da América do Norte do que em outras partes.
Se a cobertura de gelo dessa parte do continente desaparecer, a perda de uma quantidade tão grande de massa no Hemisfério Sul faria a força da gravidade mais forte no Hemisfério Norte, afetando a rotação da Terra e fazendo com que o nível do mar suba mais no norte do que no sul, onde se encontra atualmente a massa de gelo.
Entretanto, os cientistas também estimaram que a elevação média do nível das águas por conta do derretimento de áreas de gelo não será tão alta quanto se imaginava. Isso porque partes do gelo são mais estáveis do que se pensava e, por isso, não escorreriam em direção ao mar mesmo num mundo mais quente criado pelas emissões de gasesestufa produzidas pelo homem.
A cobertura de gelo da parte ocidental da Antártica — uma das três grandes áreas contínuas congeladas — é também conhecida como “gigante adormecido” porque, se acredita, seria fundamentalmente instável, apoiada em rochas que estão abaixo do nível do mar. Isso a tornaria ainda mais vulnerável ao derretimento e à rápida desintegração, segundo Jonathan Bamber, da Universidade de Bristol.
— Diferentemente de outras importantes áreas de gelo, como a cobertura da parte oriental da Antártica e a Groenlândia, esta é a única a apresentar uma configuração tão instável — explicou Bamber. — Por isso, há um grande número de pesquisas estudando a probabilidade do colapso dessa área e as implicações que um evento tão catastrófico teria no planeta. Mas todos esses estudos estimaram um aumento médio de 5 a 6 metros no mar por conta do colapso. Pelos nossos cálculos, o aumento é menor.
A elevação seria de 3, 3 metros em média. Mas a alteração na rotação terrestre criaria situações ainda mais catastróficas. Pelo menos no Hemisfério Norte. (Steve Connor, do Independent)
(O Globo, 19/5)
Fonte - Jornal da Ciência
Nota DDP: Interessante neste aspecto ler-se também "Físico afirma que aquecimento global afeta rotação da Terra".