segunda-feira, 18 de maio de 2009

Papa conseguiu fazer a paz ressoar na Terra Santa (Vaticano)

O Pe. Federico Lombardi, director da Sala de Imprensa da Santa Sé, considera que Bento XVI cumpriu a missão que se tinha proposto na Terra Santa: fazer que a paz ressoassee nos diferentes âmbitos religiosos, sociais e políticos.

“Nesta última viagem, o Papa falou muito de paz, como tinha prometido: trinta discursos, uma só mensagem, que ele repete sem cessar, neste único tema, com inúmeras variações - paz entre israelitas e palestinos; paz entre judeus, muçulmanos e cristãos; paz na Igreja, entre as confissões e ritos; paz na sociedade e na família; paz entre Deus, o homem e as criaturas; paz nos corações, no Oriente Médio, no mundo... Paz, paz, paz”, refere o Pe. Lombardi.

“Ele falou muito, mas também escutou, pelo menos o mesmo ou muito mais”, continua, ao fazer um balanço para o «Octava Dies», semanário do Centro Televisivo Vaticano, desta visita que, de 8 a 15 de Maio, levou o Papa à Jordânia, Israel e territórios palestinos.

Segundo o Pe. Lombardi, Bento XVI “realizou uma peregrinação aos lugares, mas, antes ainda, aos corações”.

“Não só visitou os lugares mais santos do cristianismo, mas também os do judaísmo e do Islão: Yad Vashem, o Muro das Lamentações, a Cúpula da Rocha. Ele assumiu os sentimentos de todos os peregrinos das três religiões às quais pede acesso aos lugares santos”, precisa.

Para o porta-voz do Vaticano, Bento XVI é “um Papa cristão, mas um Papa para todos, acima das divisões. Um exemplo a ser seguido”.

Fonte - Ecclesia

Nota DDP: Como já demonstrado aqui, a manifestação do porta-voz do Vaticano não é isolada neste assunto. E ao se falar sobre paz e liberdade, importante é considerar-se outros aspectos, como aventado em "Hoje liberdade, amanhã...".

Outra percepção interessante sobre o mesmo quadro emerge desta análise do Le Mond:

Bento 16, um papa político no Oriente Médio


Três destinos sensíveis, quatro assuntos de peso. Durante uma semana e quase trinta discursos na Jordânia, em Israel e nos territórios palestinos ocupados, o papa Bento 16 tinha pelo menos sete boas razões para tropeçar. Não chegou nem perto. Bento 16 dominou de forma geral os aspectos geopolíticos da região, ainda que, ao longo da viagem que terminou na sexta-feira (15), ele não tenha conseguido evitar todos os obstáculos previsíveis em um contexto em que a religião tem parte com a política. Sem deixar de lado sua rigidez e seu registro de teólogo, o papa falou de política e se transformou em defensor do diálogo entre as religiões e as culturas.
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O diálogo entre islâmicos e cristãos, que se tornou uma grande aposta do pontificado desde a controvérsia suscitada pelo discurso do papa em Regensburgo (Baviera) - no qual os muçulmanos haviam entendido uma crítica ao Islã -, esteve no cerne da etapa jordaniana e da passagem por Jerusalém. Apesar das tentativas de recuperação política por parte de dirigentes muçulmanos, foram dados passos importantes. Só a visita ao Domo da Rocha, na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, constitui um sinal significativo da confiança entre uma parte das elites muçulmanas e o Vaticano.

O balanço é menos positivo para as relações entre judeus e cristãos e para a imagem do papa na sociedade israelense.
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Na essência, o papa quis chamar a atenção mais para os "valores comuns" às três religiões do que para as diferenças.
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Mas é na questão entre israelenses e palestinos que esse papa, normalmente tão pouco político, surpreendeu.
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Ainda que a palavra papal não tenha o peso da de um Barack Obama, essa esperança continuará sendo uma das frases-chave de sua viagem. (...) (24 Horas News)

Saliento ainda duas percepções: A de que o Vaticano se afigura como um líder na composição dos segmentos religiosos no mundo com vistas à paz e, o estreitamento de relações com o Islão, muito embora como também já visto, a visita tenha se demonstrado importante junto aos judeus.

Não se deve perder de vista ainda esta última parte, em que se avalia o "peso" da palavra do papa em relação à do presidente americano, que também tem interesses declarados no Oriente Médio.

Eles (EUA x Roma) estarão falando a mesma "língua" dentre em breve.
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