Há 16 anos, o Partido Democrata negou a palavra ao então governador da Pensilvânia, Robert P. Casey, na convenção nacional do partido devido às suas opiniões antiaborto, frutos de sua fé católica, que conflitavam com a plataforma democrata e boa parte do eleitorado. Muitos católicos, que já foram uma base eleitoral democrata confiável, nunca esqueceram a desfeita. Na convenção democrata deste ano, o partido estuda dar a palavra ao filho de Casey, Bob Casey da Pensilvânia, que como seu falecido pai, é um católico romano que se opõe ao aborto.
A provável mudança reflete a preocupação dos democratas em recuperar o apoio eleitoral de católicos romanos, que tiveram um papel decisivo na eleição de Bush em 2004 e poderiam ser cruciais nos resultados de inúmeros Estados este ano. Durante as primárias em Estados como New Hampshire, Missouri e Ohio, o senador Barack Obama, candidato democrata à presidência americana, perdeu votos de muitos católicos para a senadora Hillary Rodham Clinton que, como Obama, apóia o direito ao aborto. Na Pensilvânia, os eleitores católicos preferiram Clinton a Obama por uma margem de 40 pontos.
A campanha de Obama não tem falado sobre seus planos na convenção e não confirma se Casey fará um discurso especial no evento. Howard Dean, presidente do Comitê Nacional Democrata, disse que a decisão seria de Obama, mas acreditava que um discurso proeminente de Casey poderia ajudar o candidato a conquistar eleitores católicos. Casey, que apóia Obama há tempos e realizou extensiva campanha pelo candidato na Pensilvânia, disse que o candidato democrata e o partido ainda não fizeram nenhum pedido oficial para que ele discursasse no evento. Porém, ele afirmou, "acredito que planejaremos algo."
A aparição de Casey seria um importante sinal aos católicos, especialmente aqueles que seguem os preceitos da igreja e se opõem ao aborto. Obama também poderia escolher um candidato a vice-presidente que tranqüilizasse os ânimos dos católicos romanos. Entre aqueles que a campanha de Obama estuda para o posto está o governador Tim Kaine da Virgínia, um católico romano cuja fé tem sido parte de sua identidade política. Pelo menos outros três católicos também são citados como possíveis candidatos democratas à vice-presidência: o senador Joseph R. Biden Jr. de Delaware, o senador Christopher J. Dodd de Connecticut e a governadora Kathleen Sebelius do Kansas.
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Fonte - Terra
Nota Eder Rocha: Essa reportagem publicada hoje mostra importantes dados sobre a força do catolicismo na política americana (1/4 do eleitorado) e como até os protestantes fazem de tudo para conseguir o apoio deles. Dessa vez o tema é o aborto (moral), mas para fazer do domingo um tema de igual importância, ou, quem sabe, uma homenagem ao eleitorado católico (imagem da besta) é um pulo.