terça-feira, 1 de setembro de 2009

Os problemas que geraram esta crise não foram resolvidos

Em 15 de setembro de 2008, o banco de investimentos Lehman Brothers anunciou que iria declarar concordata. Como se acometida por um infarto, a economia mundial desabou. Mesmo em 1929 a queda havia sido menos brutal. Um ano passou. Em poucas palavras, os governos "fizeram o serviço". O sistema financeiro foi salvo, a queda da demanda foi amortecida pelos déficits públicos. Os bons resultados registrados no segundo trimestre (retorno a um crescimento positivo na França, na Alemanha, no Japão...) certamente continuam frágeis: o esperado crescimento do desemprego, a perda de fôlego dos efeitos do incentivo à compra de carros novos reservam más surpresas...

Entretanto, parece estar certo que a crise de 1929 não se repetirá. Boa notícia, então. Mas a má notícia é que a crise atual não tem nada a ver com a de 1929. Ela não é uma crise do século 20 extraviada para o século 21: ela é a primeira crise da globalização. E, por essa medida, nenhum dos problemas que a criaram foi solucionado.
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Agora que a bolha do crédito estourou, os americanos deverão recomeçar a poupar, o que significa que a demanda interna não deverá voltar a crescer tão cedo nos Estados Unidos. A crise chegou a uma solução instável, mas sem oferecer alternativas. Portanto, das duas coisas, uma. Ou novas bolhas de crédito substituirão aquela que acaba de estourar (por enquanto são os déficits públicos que exercem esse papel), ou o crescimento mundial permanecerá medíocre, por falta de saídas para absorver os excedentes chineses e petroleiros. Nos dois casos, novas desilusões se preparam... 1929 foi evitada, mas o veneno que deu origem a essa crise continua a agir.

Fonte - UOL


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