segunda-feira, 4 de maio de 2009

Liberdade de imprensa desce pelo sétimo ano consecutivo e é ameaçada pela crise global

'A liberdade de imprensa no mundo diminuiu pelo sétimo ano consecutivo e é ameaçada pela crise económica global, diz o relatório anual da Freedom House, divulgado em vésperas do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que é assinalado hoje.

O relatório nota que a Itália e Israel desceram da categoria de "países livres" para a de "países parcialmente livres", no que é entendido pelos autores do documento como um exemplo do declínio da liberdade de imprensa em regimes democráticos.

Apenas 17 por cento dos habitantes do mundo beneficiam de uma imprensa livre, refere o relatório, que concluiu que esta foi a primeira vez que os indicadores relativos à liberdade de imprensa desceram em todos as regiões do planeta.

"A profissão de jornalista está encostada à parede e a lutar para sobreviver, à medida que as pressões dos governos, de outros actores poderosos e da crise económica global avançam", diz o director executivo da Freedom House, Jennifer Windsor.

A crise económica e financeira é também sublinhada como um factor que poderá agravar este desequilíbrio, por Karen Deutsch Karlekar, investigadora da Freedom House e responsável pelo relatório. "Dado o actual clima económico, que irá certamente gerar uma maior pressão sobre a sustentabilidade e a diversidade dos media, tanto nos países ricos, como nos países pobres, as pressões sobre a liberdade dos media crescem de todos os lados e estão a ameaçar cada vez mais os ganhos consideráveis do último quartel do século XX".

Num quadro global onde se acentuam recuos ainda mais significativos no espaço da antiga União Soviética e em que países como Birmânia, Cuba, Líbia e Coreia do Norte surgem como os piores casos em todo mundo, a saída de duas democracias da categoria de "países livres" é preocupante para a organização. Israel passou a ser um país "parcialmente livre" devido ao conflito em Gaza, no qual se verificaram "restrições crescentes à liberdade de movimentos dos jornalistas israelitas e estrangeiros; tentativas oficiais de influenciar a cobertura do conflito; mais autocensura em Israel e relatos enviesados sobretudo no arranque da guerra, em Dezembro", diz o relatório.

Em relação a Itália, o recurso crescente aos tribunais para limitar a liberdade de expressão e a intimidação de jornalistas pelo crime organizado e por grupos de extrema-direita são citados como factores negativos. Mas o mais relevante é "a concentração de media privados e do Estado sob um único líder", o primeiro-ministro, Silvio Berlusconi.

Taiwan e Hong Kong são dois outros casos de descida da categoria dos mais para os quase livres. Em Taiwan, a pressão sobre os canais televisivos afectou aquele que era o "o espaço mais livre" da Ásia oriental, enquanto o recuo no território de Hong Kong é atribuído "à crescente influência do Governo de Pequim sobre os media e a liberdade de expressão no território".'

Fonte: Público (negritos meus para destaque)

Uma nota: à luz dos atuais medos divulgados a propósito da gripe A (antes chamada suína) e outras notícias de caráter e impacto mundiais (por ex.: crise económica, terrorismo), pergunto: será que o que vemos, lemos e ouvimos se enquadra no parágrafo acima que refere 'as pressões dos governos, de outros actores poderosos e da crise económica global' como condicionando a livre, correta e rigorosa informação das populações acerca do que realmente acontece?...
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