CIDADE DO VATICANO, 28 OUT (ANSA) - O teólogo suíço Hans Kung disse, em um artigo publicado na Itália e na Inglaterra, que a normativa assinada em 20 de outubro pelo papa Bento XVI, na qual ele orienta a Igreja Católica a acolher fiéis anglicanos, é "uma tragédia".
Em um texto escrito anteriormente, Kung já havia afirmado que o pontificado de Bento XVI buscava "o retorno à Idade Média".
"Tradicionalistas de todas as igrejas, uni-vos sob a cúpula de São Pedro! Vejam, o pescador de homens pesca sobretudo na margem direita do lago. Mas ali a água é turva", ironizou Kung, em artigo publicado pelos jornais La Repubblica e The Guardian.
De acordo com a Santa Sé, a normativa aprovada por Bento XVI tem como objetivo permitir que os fiéis anglicanos entrem em "plena" comunhão com a Igreja. Entre os pontos do documento, destaca-se a possibilidade de clérigos anglicanos casados serem ordenados sacerdotes católicos.
Para Kung, no entanto, trata-se de "uma drástica mudança de rumo com respeito à estratégia ecumênica do diálogo direto" com outros credos.
O teólogo classificou a decisão do Papa como "uma pirataria de sacerdotes, que poupa até mesmo a obrigação do celibato só para tornar possível um retorno a Roma sob o primado do Papa".
As palavras de Kung provocaram uma resposta de Giovanni Maria Vian, diretor do jornal L'Osservatore Romano, editado pela Santa Sé, para quem a análise do suíço está "muito distante da realidade".
"Um gesto que se dirige a reconstituir a unidade [da Igreja] desejada por Cristo e reconhece o longo e cansativo caminho ecumênico realizado neste sentido é distorcido e representado enfaticamente como se fosse uma astuta operação de poder", afirmou Vian.
Fonte - ANSA
Nota DDP: Ver também "A sede do Vaticano por poder divide os cristãos e danifica o catolicismo" (Inglês). Destaque:
"Mas o Papa Benedito está aviando a restauração da roma imperial. Ele não fez concessões à comunhão anglicana. Pelo contrário, ele quer preservar o medieval, centralizador sistema romano para todas as eras - mesmo que isso torne impossível a reconciliação das igrejas cristãs em questões fundamentais."