A recessão econômica e a eleição do primeiro presidente negro da história dos EUA fizeram aumentar no país o extremismo de direita, que recruta novos membros entre os veteranos de guerra frustrados que voltam do Iraque ou do Afeganistão, segundo um relatório do Departamento de Segurança Interna divulgado na quarta-feira (15). Esses grupos exploram o medo dos cidadãos e utilizam os despejos, o desemprego e a pobreza como caldo de cultivo perfeito para que todos os descontentes com o sistema se somem às fileiras da extrema-direita.
Mas o relatório afirma que até o momento o departamento não tem "informação específica de que esses grupos de extrema-direita estejam planejando atos de violência". "A maioria das declarações de extremistas de direita foi retórica, expressando preocupação pela primeira eleição de um presidente negro", afirma o documento, que tem por título "Extremismo de direita: o atual clima econômico e político favorece o aumento da radicalização e do recrutamento".
Em suas nove páginas, o documento preparado conjuntamente com o FBI compara a atual situação com a sofrida na década de 1990, quando se viveu uma péssima situação econômica, a exportação de mão-de-obra e a percepção de que a soberania dos EUA estava ameaçada por potências estrangeiras.
O informe do Departamento de Segurança Interna (DHS na sigla em inglês) salienta que os veteranos de guerra são um alvo perfeito para esses grupos devido a suas altas qualificações para o combate e sua falta de perspectivas quando retornam à vida civil. Além disso, o fato de que em vários Estados estejam sendo estudadas restrições para a aquisição de armas fez que diferentes grupos comprassem e armazenassem munição e armamentos, afirma o documento.
"Existe uma relação direta entre a possibilidade de que se aprove um projeto sobre controle de armas e o maior acúmulo de munições, armas e atividades de treinamento entre os extremistas de direita", salienta o relatório.
Mas como o DHS define o extremismo de direita? Como aquele cujos grupos têm como orientação os crimes de ódio - os baseados no sexo, na religião ou na etnia - ou desafiam a autoridade federal. Esse extremismo também pode concentrar suas ameaças sobre um assunto concreto, como o aborto ou a imigração.
E, claro, a eleição do presidente Barack Obama, cuja chegada à Casa Branca representou um incentivo para o alistamento nas fileiras da extrema-direita. "Muitos extremistas são contrários à nova administração e a consideram uma ameaça", diz o relatório. "Em duas ocasiões antes das eleições (em novembro de 2008), esses extremistas pareceram estar na etapa inicial de alguma atividade ameaçadora contra o candidato democrata, mas as forças da lei intervieram", salienta o documento. O DHS foi criado em reação aos atentados de 11 de Setembro e se concentrou fundamentalmente nas ameaças do extremismo islâmico.
Segundo Sara Kuban, porta-voz do departamento, a análise não é nova e faz parte de uma série de avaliações que de tempos em tempos o órgão realiza "para facilitar um melhor conhecimento do fenômeno da radicalização violenta nos EUA".
Fonte - UOL