Sob a alcunha de "Solidariedade - O desafio para a Europa", de 500 a 600 católicos de todo continente se encontrarão entre 8 e 11 de Outubro de 2.009 para discutirem os "Dias Sociais Católicos para a Europa", alinhados com os interesses da COMECE (Comissão das Conferências dos Bispos da Comunidade Europeia).
Parte-se da premissa que quase todos os entes europeus estão agora ligados pela União Europeia, seja porque o seu país é já um estado membro ou porque gostaria de se tornar um estado membro. Inspirado pela fé cristã, e em particular pelo ensino social da Igreja Católica, o encontro vai focalizar-se no aspecto social da natureza humana e na nossa vida partilhada em sociedade na Europa.
A primeira justificativa desta iniciativa se estabelece por conta da alegação que "hoje, oitenta anos após a quebra de o Wall Street em 1929, o mundo mais uma vez se encontra em meio a uma grave crise económica e financeira, que traz consigo o potencial de perigosas consequências sociais e políticas, incluindo a tentação de voltar ao nacionalismo e protecionismo."
Nesta linha os 26 membros, representantes de 19 países elaboraram seu manifesto dizendo que "a forma de sair desta crise e a chave para a paz residem na combinação de valores pessoais e políticos, encapsulados no termo 'solidariedade' ". O texto define como solidariedade como algo indivisível, sem qualquer exclusão ou exceção. Eis os termos:
"Ela [solidariedade] inclui todos os seres humanos, daqueles que ainda não são nascidos até aqueles que estão no final da sua vida. Inclui nossos contemporâneos e as gerações vindouras. Inclui residentes e dos migrantes. Inclui todos os países, sejam eles grandes ou pequenos."
E continua:
"Esta solidariedade deve transcender fronteiras da UE, porque 'seres humanos são cada vez mais dependente de um outro e seus destinos tão interligados'; também deveria transcender o tempo presente, dado o fato de que 'o nosso modo de vida constitui uma ameaça como nunca antes aos fundamentos naturais de existência para as gerações futuras."
Ainda de se salientar mais uma vez, que não faltou a alegação no sentido de que "nossas sociedades os mais fracos sejam protegidos e que a família como o alicerce fundamental da sociedade, construída na união entre um homem e uma mulher seja defendida e apoiada."
Logicamente o encontro terá uma dimensão ecumênica através dos seus participantes e conferencistas convidados. Serão proeminentes figuras da vida pública na Europa, incluindo as instituições europeias, além de distintos membros da hierarquia católica, todos contatados para participar do evento.
Impossível não se relembrar de manifestação recente da mesma COMECE acerca da institucionalização do domingo como dia oficial de descanso no âmbito da União Européia, como proposto ao Parlamento e que ainda não se tem notícia dos trâmites finais, o que deverá se dar até 07 de maio próximo. ("Bispos da UE deixam apelos para as Europeias")
Ainda a COMECE tomou diretiva no sentido de "Incentivar os Chefes de Estado e Governos a desempenharem um papel de liderança na luta contra as alterações climáticas" em 09/Mar/09, alegando em síntese que a questão ambiental é um desafio político e moral de toda a humanidade, direcionando-se para a reunião de Copenhagen em Dezembro próximo. O mote estabelece-se também na questão da solidariedade e, na assertiva de se aproveitar este momento como sendo uma oportunidade para um "ambicioso" acordo climático global, que não pode ser desperdiçada.
Ainda em exposição de diretrizes para as eleições européias em Junho próximo, a orientação católica para seus membros fixa dentre outros pontos, em uma Declaração, que os cristão que votarão neste certame devem esperar do Parlamento Europeu que se faça "avançar os direitos sociais dos trabalhadores oferecendo-lhes condições de trabalho que respeitem a sua saúde, segurança e dignidade." O que nos faz lembrar de forma plena A Doutrina Social da Igreja e suas correlações com o domingo, segundo a pregação romana.
Enfim, parece não haver muita dúvida que a crise econômica e crise ambiental, bem como as questões periféricas que também são levantadas nestes quadros, estão a apontar, segundo o embate de temas encampandos pela COMECE, para um único fim: através do ecumenismo e da "solidariedade", a institucionalização do domingo.
Quem ficar de fora será acusado de crimes contra os direitos humanos.