quinta-feira, 30 de abril de 2009

Cem dias de governo Obama foram uma 'abominação', diz acadêmico conservador


Jerome Corsi é autor de 'Obama nation', crítica lançada antes da eleição. Ele diz que presidente está levando país rumo ao socialismo.

A previsão do acadêmico conservador norte-americano Jerome Corsi para o futuro do país estava no título do livro lançado meses antes da eleição presidencial do ano passado no país. “The Obama nation” (Nação Obama) lido rapidamente soava como “abomination”, abominação. Por mais radical que fosse contra o então candidato democrata, e por mais que tenha sido amplamente rejeitado pela mídia do país, Corsi assistiu aos primeiros cem dias da nova administração se sentindo “vingado”: “Eu estava certo”, disse, em entrevista ao G1.

“Os primeiros cem dias do governo Obama provam que eu estava certo no que escrevi em meu livro. Temos uma presidência de extrema-esquerda, que está guiando o país rapidamente rumo ao socialismo”, explicou. Para ele, “o governo Obama é uma abominação”, no sentido de uma coisa terrível, que vai levar o país a ter uma economia menor, menos força militar, e todos vão viver de forma pior em meio a uma longa depressão piorada por decisões do governo.

“Vamos acabar com uma economia diminuída, já que o governo Obama não vai conseguir acabar com a crise, e os planos do presidente vão intensificar a recessão. Além disso, vamos ficar enfraquecidos militarmente. Obama está seguindo uma política externa de pedidos de desculpas em diferentes países do mundo, o que não acho eficiente para manter nosso país seguro. Isso demonstra fraqueza e ingenuidade. Isso tudo estava previsto no meu livro, que foi recusado como propaganda quando o publiquei”, disse ao G1, por telefone, após ser questionado sobre o que achava das políticas do novo presidente dos Estados Unidos.

Ao completar seu argumento, Corsi se diz preocupado. Segundo ele, já há protestos pelo país contra Obama, e não apenas em movimentos incentivados pelo partido republicano. “A população está insatisfeita com o aumento dos impostos e com o programa de redistribuição do presidente. Isso é algo que Obama tenta ignorar, mas que claramente está deixando as pessoas insatisfeitas.”

Popularidade

O acadêmico admite que popularidade de Obama continua alta, mas alega que ela já caiu bastante desde que o presidente assumiu, em 20 de janeiro. “A obamamania já está mudando. Obama se comporta como se estivesse eternamente em campanha. Ele aparece todos os dias na televisão, fazendo discursos de campanha e se expondo demais. Enquanto a economia continua a piorar, as pessoas estão ficando cansadas da campanha e querem ver Obama agir. Mais cedo ou mais tarde, as pessoas vão começar a culpá-lo por manter a economia em queda. Obama está repetindo erros cometidos por Bush, e não está resolvendo nossa crise econômica.”

Para ele, a aprovação do governo só não caiu ainda mais porque a mídia norte-americana continua protegendo o presidente. “Eles preferem se preocupar com o que a primeira-dama veste, em comparações entre Obama e Kennedy, e não fazem críticas a suas decisões políticas.” A maioria da população norte-americana, entretanto, diz, está longe disso. Sua preocupação é com a manutenção do emprego, com a recuperação econômica, e é isso que Corsi acha que vão cobrar do presidente

O chamado “caso de amor” da mídia com Obama é usado pelo acadêmico também para refutar as críticas que “Obama nation” recebeu quando foi lançado, em agosto do ano passado. Apesar de ter se tornado rapidamente um dos livros mais vendidos no país, a obra de Corsi foi criticada por quase todas as publicações independentes. “New York Times”, “Los Angeles Times”, Associated Press, “Time”, “Newsweek”, “Guardian”, CNN, “Independent” e Politifact, além de muitas outras publicações, atacaram veementemente o livro como uma obra de propaganda, obra de teoria da conspiração e chamaram o autor de preconceituoso.

“Os ataques a meu livro tinham interesses políticos. Eles falam que rebateram minhas informações, mas não conseguem provar que estou errado. Meu livro tinha pouquíssimos erros, e nenhum deles muito grande. Eu já previa que ele não iria governar do centro político, mas da extrema esquerda, e que iria tentar redistribuir a renda da população, e é isso que ele está fazendo, nos levando ao socialismo. Meu livro está sendo comprovado pelo governo Obama, ao contrário do que a mídia disse em críticas a meu trabalho. Eu continuo defendendo o que escrevi”, disse Corsi, durante a entrevista.

Otimismo

Apesar das fortes críticas, Corsi nega que esteja torcendo para o governo fracassar, como admitiu fazer o radialista Rush Limbaugh, principal porta-voz da oposição à Presidência de Barack Obama. O único problema, diz, é que acha impossível ele ser bem-sucedido continuando o rumo demonstrado até agora.

“Quero que Obama seja bem-sucedido, mas acho que ele precisa ser pragmático e desistir dos planos quando eles não funcionarem. Queria que ele deixasse a abordagem ideológica da economia de lado e trabalhasse de forma a ter sucesso”, disse, alegando que não é republicano e que também criticou o governo Bush. “Ficaria feliz se todas as minhas previsões no livro estivessem erradas e o governo Obama fosse bem-sucedido, mas não acredito que isso vá acontecer com estas políticas de extrema-esquerda.”

Em meio a tantas críticas, entretanto, ele consegue ver um lado positivo nas decisões tomadas pelo presidente nestes primeiros cem dias de governo. O fato de Obama não ter retirado as tropas do Iraque imediatamente e de ter aumentado a presença militar no Afeganistão foram uma surpresa positiva para ele nesses primeiros meses de governo. “Estou feliz por ele não ter abandonado os esforços que já foram feitos na região.”

Além do forte ataque a Obama, Corsi já havia se tornado uma figura célebre nos Estados Unidos por conta de outras publicações bombásticas. Em 2004, um livro sobre a participação do então candidato democrata John Kerry na guerra do Vietnã foi apontado como um dos responsáveis pela reeleição de George W. Bush.

O próximo trabalho, contou, vai ser publicado em outubro, e vai se chamar “America for sale” (América à venda). Segundo ele, trata-se de uma análise da globalização no mundo atual e como Obama se comporta nela. “Obama é um globalista, como Bush foi. Isso é o que acho que vai levar ao colapso da economia americana, transformando o que poderia ser revertido em um ou dois anos em uma longa depressão.”

Fonte - G1
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