NOVA YORK (Reuters) - O governo Obama vai trabalhar com as Nações Unidas para combater o terrorismo e outros grandes desafios globais, disse a embaixadora dos EUA na organização, Susan Rice, deixando claro o rompimento em relação às políticas do presidente George W. Bush, de isolamento em relação à entidade.
Rice disse em discurso na Universidade de Nova York, na quarta-feira, que Washington deve liderar pelo exemplo, admitindo seus erros, mudando suas políticas e estratégias quando for necessário e tratando os outros com respeito.
"Os desafios globais que enfrentamos não podem ser resolvidos sem a liderança dos EUA", disse Rice. "Mas, embora a liderança dos EUA seja necessária, ela raramente é suficiente. Precisamos de cooperação efetiva de uma ampla gama de amigos e parceiros."
Rice disse que esses desafios incluem os programas nucleares de Irã e Coreia do Norte, a crise financeira global, as guerras do Afeganistão e Iraque, a pandemia de gripe e o aquecimento global.
O presidente Barack Obama já prometeu uma "nova era de engajamento" com a ONU, que costumava ser criticada e até ridicularizada por membros do governo Bush.
Na declaração mais detalhada até agora do governo Obama a respeito da ONU, Rice disse, sem citar o governo anterior, que Washington evitará a "condescendência e o desprezo" que estariam marcando as atitudes dos EUA no cenário internacional.
"Já vimos o custo do desengajamento", disse. "Pagamos o preço de manter o braço duro na ONU e de esnobar nossos parceiros internacionais. Os Estados Unidos irão liderar no século 21 -- não pela arrogância, não pela intimidação, mas por uma paciente diplomacia."
Ela lembrou que, como exemplo da sua nova abordagem das questões mundiais, Washington já decidiu aderir ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, rejeitado pelo governo Bush por considerá-lo um fórum anti-Israel. Ela citou também a determinação do governo Obama em melhorar suas relações com o mundo muçulmano.
"Trabalhamos para mudar de dentro em vez de criticar de fora", disse Rice. "Mantemo-nos fortes na defesa dos interesses e valores da América, mas não discordamos só para contrariar. Ouvimos os Estados, grande e pequenos. Construímos coalizões. Cumprimos nossas responsabilidades. Pagamos nossas contas."
Na semana passada, Rice anunciou que os EUA iriam transferir mais de 2 bilhões de dólares em contribuições novas e atrasadas para o departamento de missões de paz da ONU.
As relações entre EUA e ONU atingiram um de seus pontos mais baixos em 2003, ano da invasão dos EUA no Iraque. O então secretário-geral Kofi Annan qualificou a guerra como um ato ilegal do governo Bush.
Rice defendeu reformas na administração da ONU e na Assembleia Geral, que inclui todos os 192 Estados filiados. Ela criticou a Assembleia por suas continuadas críticas a Israel e por permitir que "o teatro político lhe distraia da real deliberação."
Fonte - UOL
Nota DDP: "Coincidentemente" a nova postura americana vem na esteira da publicação da última encíclica romana, que pede uma nova ordem, além da reforma da ONU. Obviamente não se trata de nenhuma coincidência.