O mundo está prestes a enfrentar uma das mais graves crises energéticas da história, capaz de quebrar a economia global. O motivo seria o fato de que os maiores campos de exploração de petróleo do mundo estarem prestes a chegar ao seu limite de produção. Quem afirma é o economista chefe da Agência Internacional de Energia (IEA), Fatih Birol.
Em entrevista ao jornal The Independent, Birol, que é encarregado de avaliar o futuro do abastecimento de energia nos países pertencentes à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), afirmou que todos precisam ter consciência de que, com base na demanda atual, a disponibilidade de petróleo no mundo irá se esgotar muito antes do que se pensava.
Para o engenheiro, o pico do petróleo (pick oil) deverá vir à tona em dez anos – no mínimo uma década a menos do que muitos governos estimaram. Ele ainda afirmou que um dos estudos mais detalhados já feito sobre o assunto descobriu que a maioria das grandes bacias de petróleo do mundo já se esgotaram e que o ritmo de redução da produtividade das outras bacias está quase duas vezes mais rápido que o calculado há dois anos.
“Um dia nós ficaremos sem petróleo, não é hoje nem amanhã, mas um dia ficaremos sem e nós precisamos abandonar o petróleo antes que ele nos abandone. Precisamos nos preparar para esse dia”, afirmou Birol. “Quanto mais cedo começarmos, melhor. Porque toda a nossa economia e sistema social está baseado no petróleo, e essa mudança requer muito tempo e muito dinheiro, por isso devemos levar isso muito à sério”, completou.
A crise já pode ter início no próximo ano, quando o cenário será uma demanda maior que a oferta, e nenhuma medida suficientemente eficiente vem sendo feita para reverter o problema e criar novas soluções capazes de compensar a ausência do petróleo. Segundo a IEA, a queda da produção das bacias de petróleo está na casa dos 6,7% ao ano. Número substancialmente maior que os 3,7% computados em 2007.
“Se vemos um aperto no mercado, as pessoas nas ruas verão isso no aumento dos preços, que serão muito maiores do que nós vemos hoje em dia. Isso terá, definitivamente, um impacto em nossa economia, especialmente se nós virmos esse aperto no mercado nos próximos anos” alertou Birol.
Ele explica: “será especialmente importante porque a economia global ainda estará muito fragilizada, muito vulnerável. Muitas pessoas pensam que a recuperação se dará em poucos anos, mas a verdade é que será uma regeneração lenta e frágil e nós temos o risco dessa recuperação ser destruída com a alta dos preços do petróleo”, informou.
Segundo o especialista, em 2030, o mundo precisará do equivalente a quatro Arábias Sauditas para garantir seu consumo de petróleo a níveis atuais e seis para assegurar a demanda, caso ela continue crescendo nas proporções atuais.
“Muitos governos agora estão mais cientes de que, no mínimo, os dias de petróleo fácil e barato já acabaram. Apesar disso, eu não estou muito otimista de os governos estarem conscientes das dificuldades que poderemos enfrentar no fornecimento de petróleo”, adiantou Birol.
Outro problema levantado pelo engenheiro é a possibilidade de os países passarem a investir em alternativas ainda mais danosas frente à ausência do petróleo – como as areias impregnadas com alcatrão em Alberta, no Canadá.
“Se nós não nos prepararmos adequadamente para o pico de petróleo, o aquecimento global pode se tornar muito pior do que o esperado”, concluiu.
Fonte - EcoDesenvolvimento
Nota DDP: De crise em crise, aguardamos o momento em que todo este sistema há de ruir ou, que na tentativa de sustentá-lo, venham medidas que alterem radicalmente a ordem que hoje vivemos.
[Pesquisa - Hiscael Moreno]