Os presidentes francês e brasileiro defenderam segunda-feira que "para além da economia e do sistema financeiro" é preciso agora "dar uma atenção prioritária à dimensão social da globalização" para enfrentar a crise.
Nicolas Sarkozy e Luiz Inacio Lula da Silva manifestam-se num artigo com a assinatura dos dois chefes de Estado, publicado hoje pelos diários franceses Libération e brasileiro Folha de São Paulo.
"Pobreza e exclusão social agravam a instabilidade do sistema internacional", constaram Sarkozy e Lula.
Segundo eles, "por todo o lado no mundo, os assalariados, apanhados na tempestade económica, pedem mais justiça e mais segurança. Têm de ser escutados. As organizações internacionais devem ter em conta os efeitos sociais da crise actual. O papel da Organização internacional do Trabalho na governança económica mundial deve ser singularmente reforçado", afirmam.
Os dois responsáveis políticos pedem também "uma reforma de grande amplitude do Conselho de Segurança das Nações Unidas", a fim de "edificar uma ordem internacional mais equilibrada e solidária".
Aos seus olhos, isto deve passar por "um papel acrescido" para os grandes países em desenvolvimento de cada região, como o Brasil e a Índia", assim como "uma representação mais justa de África e dos grandes contribuidores para o sistema das Nações Unidas, tais como o Japão e a Alemanha".
"As instituições financeiras internacionais como o FMI e o Banco Mundial devem dar um lugar mais importante às economias emergentes dinâmicas no seu processo de decisão", dizem também.
"O Brasil e a França querem propor ao mundo a sua visão comum de um novo multilateralismo adaptado ao mundo multipolar que é o nosso (...) Com outros chefes de Estado, devemos formar uma Aliança para a mudança´ para transmitir esta visão de uma ordem mundial mais democrática, mais solidário e mais justa", exortam.
Fonte - Diário de Notícias
Nota DDP: Sobre outras nuances acerca desta "elevação" da OIT, sugiro a leitura do post "Sarkozy pede uma nova ordem mundial". O que se está "cavando" possivelmente neste discurso é o reconhecimento político do domingo.