quinta-feira, 16 de julho de 2009

Catolicismo como um antídoto ao capitalismo "selvagem"


MUNIQUE — O colapso do comunismo no leste duas décadas atrás não promoveu a abertura necessária para a Igreja Católica influenciar a política econômica, mas talvez o quase-colapso do capitalismo ocidental promoverá. Dois autores alemães - um deles chamado Marx, o outro o seu patrono em Roma - estão certamente esperando isso.

O arcebispo Reinhard Marx escreveu a primeira obra, "Das Kapital", e o Papa Bento XVI a segunda, a encíclica social e econômica "Caridade na verdade", mas que são baseadas essencialmente na mesma linha de pensamento. Na verdade a primeira ajuda a explicar o contexto intelectual em que a segunda foi composta.

Em ambas, a mensagem é no sentido de que o capitalismo saiu do trilho moral e os ensinos da Roma Católica podem ajudar na reconstrução da economia ocidental além de ajustar o foco para que se faça justiça aos fracos e na regulação dos mercados.

Diferentemente do primeiro Marx, que pensava que a religião organizada era um truque para controlar os mais desprovidos, o atual anseia por reforma, não guerra de classes. Assim, eles estão seguindo um eixo fundamental do ensino da igreja. O que agora difere, é que um deles agora vê esta crise econômica como um momento em que o pensamento da igreja sobre economia pode atrair grande atenção.

O arcebispo Marx defende que o capitalismo necessita dos aspectos éticos sujacentes do catolicismo. A alternativa, defende, é que o pós-crise pode apontar para um capitalismo "selvagem" ou, alternativamente, experimentar o renascimento da ideologia de Marx, baseado no ateísmo e nas divisões de classe.

As vozes católicas têm há muito influenciado o debate no ocidente sobre justiça social, mas nunca tanto quanto gostaria a igreja. Isso se refletiu no desafio permanente de elaborar políticas alternativas, mais do que simplesmente criticar as autoridades seculares.

Em seu livro, o qual foi publicado no outono passado, ele oferece a visão de um mundo governado pela cooperação entre as nações, refletindo o "amar ao próximo" imperativo do pensamento social católico.

Fonte - The New York Times

Nota DDP: Assim como os termos da encíclica, é necessário que este tipo de vertente ideológica seja recepcionada pelo braço secular para que seus efeitos possam ser vislumbrados. Haverá eco?
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