quinta-feira, 16 de julho de 2009

Interpretando e aplicando conceitos de Ellen G. White - A questão de Indiana

Exposição de motivos: As linhas abaixo transcritas são de lavra do Pr. Douglas Reis e podem ser acessadas diretamente no blog pelo mesmo administrado no link infra declinado, originalmente derivadas do artigo "A música sacra dentro da cosmovisão Adventista: Interpretando e aplicando conceitos de Ellen White" (3ª Parte). Tal artigo foi elaborado em um contexto próprio que não guarda relação direta com a sua presente descrição e, que poderá ser compulsado diretamente na fonte, caso assim desejem os interessados. Aliás, extrapolando os próprios limites que impulsionaram a confecção do mesmo, entendo ser de bom alvitre a sua leitura completa, dada a amplitude de conceitos e o enfrentamento filosófico adequado estabelecido pelo autor em um tratamento amplo da questão da música no seio do adventismo.

Tem se estabelecido uma estranha dicotomia no trato de questões referente ao pensar do adventismo, especialmente no que concerne a um inconsciente coletivo que tem acabado por criar um pejorativo enquadramento de uma faixa de membros inicialmente sob a insígnia de "radicais" e, mais modernamente, dada a impropriedade do vocábulo inicialmente eleito, diretamente de "fanáticos" e "extremistas", o que bem estabele o tom visceral e inapropriado que o discurso tem tomado, além das possibilidades que se desenham neste mister.

Sem tomar partido destas questões na forma por alguns proposta, que de pleno repelimos, temos enveredado a linha de informar, resgatando o pensar da liderança engajada na condução do rebanho e que portanto tem compromisso com aquEle que lhes outorgou o encargo.

Neste diapasão e, diante da recente contraposição que se tem feito ao há muito assentado entendimento do episódio ocorrido em Indiana, temos trazido o subsídio necessário para que se entenda a dimensão e alcance do que naquele quadro se estabeleceu e, que na forma do quanto profetizado e pelo andar da carruagem, já se vislumbra em meios e condições favoráveis para novamente se infiltrar em suas nuances próprias no arraial adventista.

Realizadas estas necessárias considerações iniciais, desculpando-me ainda com os leitores deste espaço com a eventual insistência no tema, que reputo de importância, segue o texto em questão.

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O reducionismo, tanto na abordagem histórica do contexto cultural no qual Ellen White estava inserida quando escreveu sobre a música, quanto na aplicação atual do que ela escreveu.

Para compreendermos melhor a questão da importância da Revelação na adoração, é necessário notarmos que, para os adventistas, o mundo é visto como caminhando para um fim irreversível; nestes últimos dias da História da Terra, Deus tem, então, preparado um povo, dando a ele um cabedal de verdades que devem ser anunciadas a todo mundo. A mensagem da obra de Cristo no Santuário, parte deste sistema e eixo integrador do corpo de verdades para o tempo do fim, deve atrair nossa consideração nesses últimos dias. Como afirma Ellen White:

“Encerrando-se o ministério de Jesus no lugar santo, e passando Ele para o lugar santíssimo e ficando de pé diante da arca, a qual contém a lei de Deus, enviou um outro anjo poderoso com uma terceira mensagem ao mundo. Um pergaminho foi posto na mão do anjo e descendo ele à Terra com poder e majestade, proclamou uma terrível mensagem de advertência com a mais terrível ameaça que já foi feita ao homem.Esta mensagem estava destinada a pôr os filhos de Deus de sobreaviso, mostrando-lhes a hora de tentação e angústia que diante deles estava.Disse o anjo: ‘Aqui está a perseverança dos santos, daqueles que guardam os mandamentos de Deus e tem a fé de Jesus’ Apocalipse 14:12. Ao dizer estas palavras, aponta para o santuário celestial. As mentes de todos os que abraçam esta mensagem são dirigidas ao lugar santíssimo, onde Jesus está em pé diante da arca fazendo intercessão final por todos aqueles por quem a misericórdia ainda espera, e pelos que ignorantemente terão violado a lei de Deus.”[1]

Perceba que a doutrina da purificação do santuário, justamente por ser tanto crucial para a integração da verdade (juntamente com as três mensagens angélicas, também referidas no texto), quanto por servir de advertência de que “a hora da tentação e angústia” está se aproximando, deve ocupar a consideração das “mentes de todos os que abraçam esta verdade.” O processo de aquilatar a grande Verdade da obra de Cristo no Santuário Celestial acontece na mente.

Diante da importância do papel da mente para a compreensão da verdade, surge uma série de admoestações inspiradas para cuidarmos da mente: principal, mas não unicamente, Ellen White trata dos cuidados que os adventistas têm que ter com a alimentação. Hábitos errôneos, compreendendo o comer em demasia, não seguir um regime apropriado, são responsáveis pelo “entorpecimento” e “embotamento” da mente, impedindo-a de apreciar as grandes verdades para os presentes dias.[2] Propriamente dentro deste contexto, surge a afirmação “Com a mente servimos ao Senhor”[3]

Contudo, como relacionar o cuidado que devemos manifestar no que toca à mente com o curso que a música vem tomando no moderno adventismo?

Anteriormente, mencionamos o movimento da “Carne Santa”, uma heresia que surgiu no meio do adventismo. Aquela experiência serve não apenas como um exemplo histórico da maneira pela qual tendências pentecostais se insurgiram na denominação adventista, mas fornece um síloge do futuro paradigma na adoração adventista. Notemos o que Ellen White comenta:

“As coisas que descrevestes como ocorrendo em Indiana, o Senhor revelou-me que haviam de ocorrer imediatamente antes da terminação da graça. Demonstrar-se-á tudo quanto é estranho. Haverá gritos com tambores, música e dança. Os sentidos dos seres racionais ficarão tão confundidos que não se pode confiar neles quanto a decisões retas. E isto será chamado operação do Espírito Santo. […]

“Não entrarei em toda a triste história; é demasiado. Mas em janeiro último o Senhor mostrou-me que seriam introduzidos em nossas reuniões campais teorias e métodos errôneos, e que a história do passado se repetiria. Senti-me grandemente aflita. Fui instruída a dizer que, nessas demonstrações, acham-se presentes demônios em forma de homens, trabalhando com todo o engenho que Satanás pode empregar para tornar a verdade desagradável às pessoas sensatas; que o inimigo estava procurando arranjar as coisas de maneira que as reuniões campais, que têm sido o meio de levar a verdade da terceira mensagem angélica perante as multidões, venha a perder sua força e influência."[4]

No contexto dos últimos dias, Ellen White afirma que manifestações como a ocorrida em Indiana serão a regra, não a exceção. De alguma forma, “gritos”, “tambores”, música” e “dança” acompanharão o repertório de nossa música. Obviamente, a autora relaciona essa mudança de valores musicais como um estratagema de Satanás, para confundir “os sentidos dos seres racionais”. Essa aproximação satânica com a maneira pagã de adorar seria considerada “operação do Espírito Santo”.

Já consideramos nos tópicos anteriores os fatores que têm permitido, paulatinamente, a ocorrência desse fenômeno de mudança paradigmática entre os adventistas. Somente a Revelação poderia reorientar nossa concepção musical dentro da perspectiva de nossa singularidade como movimento profético. Entrementes, a Revelação tem sido desconsiderada, mesmo no meio denominacional.

Faz-se necessário nos determos em um exemplo recente da história do Adventismo para percebermos o desenvolvimento de alguns conceitos responsáveis pelo desprestígio da Revelação. Uma das maiores crises que a Igreja Adventista enfrentou foi desencadeada quando Desmond Ford, um proeminente teólogo adventista, questionou a doutrina do santuário. Ele apresentou suas dúvidas de forma pública inicialmente em 27 de Outubro de 1979, em uma palestra sobre Hebreus 9 e suas implicações para a doutrina adventista, no Pacific Union College.[5] Diante da repercussão do fato, foram concedidas seis meses a Ford pela Associação Geral, a fim de que desenvolvesse e apresentasse suas idéias. O trabalho de Ford rendeu um texto de quase 1000 páginas que foi debatido entre teólogos adventistas, sendo possível encontrar muitas publicações sobre o ocorrido, bem como refutações à posição de Ford.[6]

O curioso é que, para sustentar sua nova compreensão sobre o santuário, Ford teve de reinterpretar os escritos de Ellen White, que para ele passaram a ser vistos como incorporando muitos dos erros de contemporâneos adventistas da autora, mais preocupados em prover uma explicação para o desapontamento do que em buscar uma perspectiva bíblica. Ellen White teria, para Ford, somente a finalidade de aconselhar de forma pastoral, sem autoridade doutrinária.[7]

Ford, certamente, não foi quem primeiro duvidou da autoridade profética de Ellen White, contudo, ele trouxe uma nova e perigosa abordagem restritiva da Revelação, limitando sua funcionalidade ao patamar “pastoral” (admoestativo). Mesmo em congregações brasileiras, nas quais geralmente o criticismo histórico raramente é encontrado, muitos dos livros de Ellen White são tratados como meros “conselhos”, como se a obediência voluntária àqueles aspectos da Revelação encontrados em tais livros não fosse relevante para a salvação ou desenvolvimento da vida cristã, mas meramente “opcional”.

O que ocorreu no caso de Ford ilustra a racionalização que tendemos a fazer quando nossa compreensão não se conforma com o que a Revelação apresenta sobre determinado assunto. Em uma esfera menor e, geralmente, de forma inconsciente, passamos a atribuir um valor reduzido ao que o profeta pronunciou ou acomodar sua mensagem às nossas preferências, sendo seletivos em relação ao que ele comunicou.

Infelizmente, no campo da adoração, que constitui um “tabu” entre os adventistas, os conselhos de Ellen White ainda são pouco explorados, e, lentamente, uma concepção popular, de influência marcadamente mais evangélica, vem substituindo os princípios especificamente adventistas. Quando estudamos os conselhos da mensageira do Senhor, reagimos inconscientemente a eles, no sentido de “enquadrá-los” em nossas preferências.
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Para resgatarmos o contexto em que Ellen White escreveu, temos necessidade de buscar entender que o século XIX constiuiu-se de uma era de despertamentos religiosos em solo americano. Ainda em 1800, Francis-Asbury, considerado o primeiro pregador itinerante, iniciava as reuniões campais de reavivamentos, chamadas de “Camp meetings”.[11] Visando alcançar o povo individualista e isolado que vivia na fronteira, os evangélicos daquela época mudaram sua abordagem, focalizando na “experiência de conversão profunda” para promover novas conversões. Na dinamicidade do processo, a religião passou a ser redefinida “em termos de emoção, no mesmo tempo que contribuía para negligenciar a teologia, a doutrina e o elemento cognitivo da crença.” Notoriamente, essa mudança no paradigma religioso levou a uma reestruturação do sistema de culto, que passou a incorporar “linguagem simples do povo e músicas populares”. [12] Note esta descrição de tais reuniões:

“‘Tenho visto presbiterianos, metodistas, quacres, batistas, anglicanos e independentes, todos tomados de sacudidelas; cavalheiros e damas, negros e brancos, velhos e moços, ricos e pobres sem exceção. […]

“Era a noite que o frenesi reavivamentista alcançava a intensidade máxima. Ao clarão das fogueiras que rodeavam o campo, os pregadores iam por entre a turba exortando aos pecadores a arrependerem-se para escapar do fogo do inferno. O canto se avolumava, transformando-se em portentoso rugido, os brados abalavam a terra, homens e mulheres sacudiam-se, saltavam ou rolavam pelo chão até que desmaiavam e tinham de ser carregados. Entre soluços, gemidos e gritos homens e mulheres apertavam as mãos uns dos outros e davam vazão a todas as suas frustrações e emoções em grandes transportes vocais que culminavam no ‘êxtase do canto’.”[13]

A influência da música cantada nos camp meetings atravessou o movimento milerita e demorou até ser sistematicamente rejeitada pelos primeiros hinários adventistas[14]. Reapareceu, contudo, durante o episódio da Carne Santa, que, à luz da História do evangelicalismo americano se torna ainda mais verossímil.

Na área secular, a influência da agitação religiosa também ajudava a criar um novo gênero, que marcaria a musicalidade norte-americana: o jazz. O homem negro, trazido da África como escravo, foi inserido no contexto musical americano, misturando a sua musicalidade primitiva àquela que encontrou no continente novo. Nos campos do Sul dos Estados Unidos, os escravos se comunicavam através dos “hollers”, gritos que funcionavam como uma espécie de sonar, e do qual várias canções se desenvolveram. Dentro desse cenário musical, a figura do “griot” desempenha importante papel: nas tribos da costa ocidental da África, eles ocupavam uma função social e religiosa de destaque.[15]
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“A Black Music nasceu dos antigos Negro-spirituals, canções folclóricas de fundo religioso, cantadas pelos escravos africanos nos Estados Unidos. Os spirituals não apenas deram origem ao gospel, mas a uma gama de estilos negros.”

A afinidade entre a música africana e a dos movimentos cristãos norte-americanos ultrapassou o período dos reavivamentos e se perpetuou nos movimentos pentecostais. Dorneles observa:

“O pentecostalismo, possuído pela ênfase na experiência tangível da salvação, encontrou nos elementos culturais africanos uma forma adequada de expressão. Essa forma incorporada ao culto abre espaço para uma liturgia emocional e corporal”[16]

A música profana da época recebeu direta influência da música negra, como também de várias outras culturas, que foram se imiscuindo, para criar as condições necessárias ao surgimento do Jazz. Com efeito:

“A ópera francesa, a canção popular, a música napolitana, os tambores africanos […], o ritmo haitiano, a melodia cubana, os refrões satíricos dos crioulos, os spirituals e os blues americanos, o ragtime, a música popular da época – tudo isso se fazia ouvir lado a lado nas ruas [de New Orleans].”[17]

É digno de nota a relação, tanto devido à proximidade geográfica, quanto à afinidade de ritmos entre o jazz e a música latino-americano (“o ritmo haitiano” e “a melodia cubana”). A História das Américas releva que os negros estiveram lado a lado com os conquistadores espanhóis, sendo que em “alguns casos, até os próprios líderes coloniais eram negros, como Estebanico” e “Juan Valiente”, que fizeram expedições às terras que hoje pertencem, respectivamente, ao México e ao Chile. “Entre 1502 e 1518, centenas de negros emigraram” para as Américas; os colonos negros, que moravam antes na Península Ibérica, já haviam “substituído a cultura africana original pela cultura moura (árabe)”, isto porque os árabes dominaram a Espanha desde o século VIII, e o ano em que Colombo partiu (1492) também havia marcado a queda do último “bastião dos mouros”. Quando a Espanha chegou a primazia no tráfico de escravos, estes provinham da África ocidental, “países com distintos padrões de cultura árabe”. Na Espanha, a tolerância aos costumes dos escravos era maior, por haverem influências árabes tanto na cultura espanhola como na de seus escravos africanos. A presença de elementos árabes nas culturas africanas e latino-americanas contribuiu para a formação de gêneros tipicamente norte-americanos, como o blues e o jazz. E o processo de “incrementação” da música negra nos Estados Unidos se deu ainda no século XIX.[18]

Tais informações históricas tornam-se úteis para entendermos as origens da música em desenvolvimento no período no qual foram dadas as advertências inspiradas, como a que consta no seguinte texto de Ellen G. White:

“Foi-me mostrado que a juventude necessita assumir posição mais alta e fazer da Palavra de Deus sua conselheira e guia. Solenes responsabilidades repousam sobre os jovens, as quais eles levianamente consideram. A introdução de música em seus lares, em vez de incitá-los à santidade e espiritualidade, tem sido um meio de desviar-lhes a mente da verdade. Canções frívolas e peças de música popular do dia parecem compatíveis com seus gostos. Os instrumentos de música têm tomado o tempo que devia ter sido dedicado à oração. A música, quando não abusiva, é uma grande bênção; mas quando usada erroneamente, é uma terrível maldição. Ela estimula, mas não comunica a força e a coragem que o cristão só pode encontrar no trono da graça enquanto humildemente faz conhecidas suas necessidades e, com fortes clamores e lágrimas, suplica força celestial para se fortificar contra as poderosas tentações do maligno. Satanás está levando cativa a juventude. Oh, que posso eu dizer para levá-los a quebrar seu poder de sedução! Ele é um hábil sedutor para levá-los à perdição.”[19]

Quando Ellen White comenta os efeitos danosos que a “música popular” de seus dias causava sobre os jovens, desviando-lhes “a mente da verdade”, temos de entender sua orientação dentro de uma “época em que o ‘jazz’ começava a se generalizar.[20] Mais uma vez, a preocupação é com a mente e com suas condições de receber, entender e aceitar o conjunto de verdades que Deus tem para o tempo do fim.

Merece a nossa atenção o fato de no século XIX, a cultura musical, tanto a religiosa quanto a secular, sofreram inúmeras influências, rompendo antigos padrões. É claro que o surgimento de uma atitude descompromissada se comparada às convenções estabelecidas dentro do protestantismo histórico em detrimento do sincretismo entre culturas influenciadas pelo emocionalismo cúltico, também foi um fenômeno perfeitamente explicado pelo surgimento do Romantismo, que se insurgia contra a autoridade, quer no âmbito particular ou público. “Este espírito foi incentivado pela Revolução Francesa”, responsável por muitos dos princípios da modernidade. Agora, a “partir de uma perspectiva protestante, a música se tornou carregada de emocionalismo”, perdendo de vista qualquer senso de responsabilidade.[21]

Assim, tornava-se ainda mais imperativo que Deus fornecesse informações concretas para o povo adventista, vivendo instantes antes do advento, a fim de não lhes deixar a mercê de critérios subjetivos, uma vez que tais critérios os levariam a cultivar uma qualidade de música tão emocional como os evangélicos contemporâneos deles.
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Cabe essa consideração:

"A capacidade de discernir entre o que é reto e o que não o é, podemos possuí-la unicamente pela confiança individual em Deus. Cada um deve aprender por si, com auxílio dEle, mediante a Sua Palavra. A nossa capacidade de raciocinar foi-nos dada para que a usássemos, e Deus quer que seja exercitada."[27]

O primeiro documento oficial dos adventistas do sétimo dia sobre a música afirma, a certa altura, que o cristão:

"Considerará músicas como "blues", "jazz", o estilo "rock" e formas similares como inimigas do desenvolvimento do caráter cristão, porque abrem a mente a pensamentos impuros a levam ao comportamento não santificado. Tais tipos de música têm uma direta relação com o ‘comportamento permissivo’ da sociedade contemporânea. A distorção do ritmo, da melodia, e da harmonia como empregados nestes gêneros de música e sua excessiva amplificação, embotam a sensibilidade e finalmente destroem a apreciação por aquilo que é bom e santo."[28]

Se este documento se apóia em princípios da Revelação, porque hoje assistimos apresentações musicais com os ritmos mencionados (“blues”, “jazz”, “rock” e “formas similares”) realizadas por cantores adventistas? No decurso de trinta anos, o tipo de música que antes destruía “a apreciação por aquilo que é bom e santo” passou a ser ele mesmo bom e santo? Esta mudança não indicaria uma rejeição sistemática, embora não-voluntária ou consciente, dos princípios revelados? Os líderes da Igreja Adventista na América do Sul coadunam com o pensamento de que não podemos nivelar nossa concepção musical pelos gêneros populares. Tanto que aprovaram um documento em anexo às orientações mundiais para orientar a música no território sul-americano.
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Com esses dados, somos levados a crer que a Igreja Adventista do Sétimo Dia possui uma filosofia musical distinta, a qual não é oriunda tão somente de sua tradição religiosa, todavia provém do mesmo Deus que convocou os adventistas como povo remanescente, para transmitir a última e solene advertência, dentro da qual se inclui o convite à verdadeira adoração e a rejeição à adoração falsa. Relativizar a música, que se enquadra na adoração, é, no mínimo, desconsiderar o aspecto da Revelação que incluí o referencial sobre o assunto, ou, na pior das hipóteses, rejeitar o que Deus revelou por ser contrário ao nosso gosto, formação ou opinião. Em tudo quanto envolve a vida cristã, é necessário todo o cuidado e submissão à vontade do Senhor, porque o verdadeiro cristão é aquele que vive de “toda a palavra que procede da boca Deus” (Mat. 4:4, NVI).

Fonte - Blog Questão de Confiança (3ª Parte)

[Destaques nossos]


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Nota DDP:
As demais partes deste artigo podem e devem ser lidas aqui (1ª Parte), aqui (2ª Parte) e aqui (4ª Parte).

As impressões do Pr. Douglas Reis neste contexto são acompanhadas de outros artigos já declinados neste espaço anterioremente, dos quais destacamos os Prs. Jorge Mário de Oliveira, Élbio Menezes, Erton Köeler (idem), Otimar Gonçalves (Idem), Paul Hamel e George Rice.

Links externos no mesmo sentido: Prs. Samuele Bacchiocchi, Cláudio Hirle, Lloyd Grolimund e Dário Pires de Araújo. Poderiam ser citados ainda outros adventistas leigos, inclusive músicos de expressão, que entendem, como a Igreja sempre entendeu (Os textos referentes a Indiana se encontram na compilação "Eventos Finais" de Ellen White), que a similar duplicação dos eventos de Indiana se descortinarão no futuro do movimento (dentro dele, não nele).

Acerca da análise da "evolução" da música no seio do adventismo e, como esta "evolução" se relaciona com os últimos eventos desta terra, especialmente com os próprios adventistas, não deixar de ler o recente comentário do Prof. Sikberto Marks publicado neste espaço e que muito se identifica com a articulação do Pr. Douglas Reis neste particular.

ET: Antecipadamente resta consignado que, na eventualidade da perda ou alteração do sentido original do texto eventualmente consumar-se pelos cortes que supra se verificaram para adequação ao espaço e desatrelamento da questão discutida em paralelo aos interesses aqui destacados, serão estas prontamente retificadas no que couber.

[1] Primeiros Escritos, p. 254, ênfase suprida. Tive a atenção chamada para este texto pelo Pr. Sidionil Biasi, durante suas palestras no Concílio pastoral da Associação Catarinense do segundo semestre de 2007.
[2] Há uma imensa quantidade de textos que tratam da alimentação dentro das preocupações mencionadas. Seria impossível, dentro desse espaço, fazer alusão a todos, mas, em especial, mencionamos Conselho sobre saúde, p. 577 e Carta 27, 1972, citada em Mente Caráter e personalidade, vol 2, p. 392.
[3] Temperança, p. 14.
[4] Mensagens Escolhidas, vol. II, p. 36 e 37.
[5] A palestra está disponível em http://www.goodnewsunlimited.org/library/1979forum/part1.cfm e http://www.goodnewsunlimited.org/library/1979forum/part2.cfm.
[6] Em especial, consultei um trabalho de conclusão de curso, da autoria de Glauber S. de Araújo, intitulado “Desmond Ford e a doutrina do santuário: análise comparativa de duas fases distintas”, disponível em http://www.unasp.br/kerygma/pdf/tcc5_glauber_revisado.pdf.
[7] Idem, pp. 53-55.
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[12] Nancy Pearcey, “Verdade Absoluta”, p. 296.
[13] Gilbert Chase, “Do Salmo ao Jazz” (America’s music), p. 193, citado por Dario Pires de Araújo, idem.
[14] Em 1843, no auge do Milerismo, Joshua Himes, importante colaborador e responsável pela “arrancada” evangelística de William Miler, publicou “The Millenial Harp”, uma coletânea com mais de cânticos, moldados pela tradição reavivamentista. Entre o grupo que posteriormente se chamaria “Adventistas do Sétimo Dia”, a herança reavivamentista foi sendo depurada; na segunda coletânea adventista, organinada por James (Tiago) White, “Hymns and Spirituals Songs for Camp- Meetings and Other Religious Gatherings”, ao invés do que o nome possa sugerir, o paradigma musical das antigas reuniões de reavivamento deixou marcas insignificantes. Cf.: Dario Pires de Araújo, idem, p. 20-22.
[15] Roberto Muggiati, “Blues: da lama à fama” (São Paulo, SP: Editora 34, 1995), 1ª reimpressão, p. 10 e 11.
[16]Dorneles, p. 88
[17] François Billard, “A vida cotidiana no mundo do Jazz” (São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2001), p. 17. No mesmo contexto, o autor liga o surgimento do jazz ao carnaval de rua de New Orleans.
[18]Gunnar Lindgren, “Las raíces árabes del Jazz y los Blues”, disponível em: http://64.233.169.104/search?q=cache:TpOpzqMQ2RkJ:www.unesco.org/imc-OLD/mmap/pdf/prod-lindgren-s.pdf+%C3%A1rabe+%2B+melisma&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=4&gl=br, acesso: 29 de Agosto de 2007.
[19] Ellen G. White, Testimonies, vol. 1, págs. 496 e 497, grifos supridos.
[20] Dario Pires de Araújo, idem, p. 45.
[21] Adrian Ebens “A Música na Adoração: Fontes para um modelo cristão de música na adoração”, publicado em http://www.musicaeadoracao.com.br/livros/musica_adoracao/index.htm, acesso: 10 de Agosto de 2007.
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[27] E. G. White, Educação, p. 231.
[28] “Filosofia Adventista de Música”(Diretrizes Relativas a uma Filosofia de Música da Igreja Adventista do Sétimo Dia), Assocação Geral – IASD, Concílio Outonal – 1972, disponível em http://www.musicaeadoracao.com.br/documentos/filosofia.htm.
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