segunda-feira, 6 de julho de 2009

Papa pede ajuda ao desenvolvimento e medidas éticas ao G8

O papa Bento XVI fez um apelo neste sábado aos líderes do G8, que se reunirão entre os dias 8 e 10 de julho na Itália, para que reforcem a "ajuda ao desenvolvimento" e tomem medidas éticas para combater a crise econômica, em uma carta dirigida ao chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi.

"Peço aos países membros do G8 e aos demais chefes de Estado e governo presentes do mundo inteiro que mantenham e reforcem a ajuda ao desenvolvimento, sobretudo aquela destinada a valorizar 'os recursos humanos'", escreveu o pontífice.

Na carta de três páginas, escrita em italiano, Bento XVI lembra aos líderes que participarão da cúpula do G8 que as medidas contra a crise econômica mundial devem introduzir um "valor ético".

"A eficácia técnica das medidas adotadas para sair da crise coincide com a medida de seu valor ético", destacou.

Os líderes das oito maiores potências econômicas mundiais (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, Japão e Rússia), ao lado de governnates das economias emergentes do G5, como Brasil, China e México, se reunirão na cidade de L'Aquila (centro) para discutir a grave crise econômica e financeira mundial.

Fonte - Último Segundo

Nota DDP: Acompanhe o trajeto que eventualmente se estende ao alinhamento pretendido da igreja romana com os entes políticos suscitados, especialmente face à nova encíclica social prestes a ser veiculada:

- Bento XVI pede que líderes do G8 intensifiquem a ajuda ao desenvolvimento apesar da crise
- Bispo de Beja defende regulação na economia
- Nova encíclica mostrará papa social
- Da «Rerum Novarum» aos nossos dias

Neste contexto, transcrevemos:

É a primeira vez que a agenda de um G-8 se "enlaça" com a publicação de uma encíclica papal, como está para ocorrer com a Caritas in veritate e o G-8 de L’Aquila.

A coincidência é significativa: a crise econômica pressiona cada vez mais os pobres, aumentando as disparidades entre norte e sul do planeta, e os governos parecem ter cada vez mais dificuldade em encontrar soluções realmente justas e eficazes.

A encíclica dará voz aos países mais pobres, excluídos do G-8, pretendendo medidas anticrise que vislumbrem quem mais paga as conseqüências e pouco contribuiu para causá-la. E deve alertar os "oito grandes" para o fato que desta crise – acredita o papa – ou saímos todos, ou não sai ninguém.
(Radio Vaticano)

A última afirmação seria uma constatação ou uma ameaça? Dado o reconhecimento explícito realizado por Obama da relevância do pontífice romano nos últimos dias, é de se acreditar que trocas de favores políticos entre os poderes seculares e eclesiástico voltem a ser factíveis em nossos dias. Neste contexto, o reconhecimento dos valores "éticos" que vêm sendo reiteradamente conclamados (a publicação da encíclica deve aclarar quais sejam estes valores), podem ser reconhecidos fora do âmbito religioso em futuro próximo.
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