terça-feira, 10 de março de 2009

Os insuspeitíssimos

Atenção: O que está em itálico, troque pelo conteúdo dos colchetes negritados.

Se você se interessa pelos rumos da política mundial ["do adventismo"], chega um dia em que tem de escolher entre compreender os fatos e continuar tentando parecer um sujeito normal e equilibrado. Normalidade e equilíbrio são coisas altamente desejáveis, mas um esforço exagerado para simular calma e ponderação quando na verdade você está perplexo e desorientado prova apenas que você é um neurótico incapaz de suportar suas próprias emoções. Como o calmante artificial mais popular consiste em negar as realidades perturbadoras, há muito tempo os estrategistas revolucionários e os engenheiros sociais ["evangelizadores na pós-modernidade"] a seu serviço já aprenderam a usá-lo como instrumento de controle da opinião pública ["Igreja"]. O truque é de um esquematismo espantoso: eles simplesmente adotam o curso de ação mais ousado, estranho, inesperado e inverossímil, e ao mesmo tempo estigmatizam como louco paranóico quem quer que diga que estão fazendo algo de anormal. De cada dez cidadãos ["adventistas"], nove caem no engodo. A insegurança mesma da situação faz a maioria apegar-se a falsos símbolos convencionais de normalidade, sufocando os fatos estranhos sob o peso dos lugares-comuns consagrados e assim ajudando a tornar ilusoriamente secreto o que na verdade está à vista de todos.

Os exemplos de aplicação dessa estratégia desde o início do século XX ["XXI" (?)] são tantos, que seu estudo bastaria para constituir uma disciplina científica independente. Vou aqui citar apenas um, cuja magnitude contrasta com a escassez de interesse geral em conhecê-lo.

Desde a década de 20, enquanto os regimes comunistas promoviam a mais brutal e ostensiva perseguição aos cristãos nos seus territórios, os grandes estrategistas do comunismo – numa gama que vai de Stálin a Antonio Gramsci – já haviam chegado à conclusão de que, nas nações democráticas, o ataque frontal à Igreja não ia funcionar: o que era preciso era infiltrar-se nela, corrompê-la e destruí-la por dentro, esvaziá-la de todo conteúdo espiritual e usá-la como caixa de ressonância para as palavras-de-ordem emanadas do comando revolucionário ["Adventismo 2.0" ]*.

Todo mundo já ouviu falar disso. Não há quem não saiba que há comunistas ["liberalistas"] na Igreja. Mas quantos são eles? Quem são? Quais as suas formas de ação? Como identificá-los, denunciá-los e expulsá-los? Será razoável imaginar que a substância letal injetada no corpo da Igreja se reduza aos mais óbvios e barulhentos “padres de passeata”, como os chamava Nelson Rodrigues, e que não haja por trás deles agentes de nível incomparavelmente mais alto, agindo de maneiras mais discretas, camufladas e decisivas? Aí, de súbito, cessa toda curiosidade. As perguntas mais naturais – inevitáveis mesmo, para o fiel que se preocupe com a integridade da Igreja – começam a parecer, de repente, inconveniências de mau gosto, sinais de doença mental, manifestações de desrespeito à hierarquia eclesiástica. A pretexto de evitar o escândalo, reprime-se a investigação do crime, semeando escândalos mil vezes maiores no futuro.
...
Mais nefasta do que a tagarelice dos notórios padres vermelhos é a ação amortecedora, castradora, empreendida desde dentro e desde cima por prelados e líderes leigos aparentemente respeitáveis, imunes a qualquer suspeita, cuja função estratégica não é pregar o comunismo ["Adventismo 2.0"], mas simplesmente secar as fontes do anticomunismo católico ["adventismo tradicional"].
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A hipocrisia desses indivíduos revela-se da maneira mais patente tão logo são testados: se permanecem silenciosos e tímidos quando suas organizações e a Igreja como um conjunto são difamadas e cobertas de injúrias pela esquerda, muito outra é sua reação quando alguém os critica desde um ponto de vista cristão e denuncia sua omissão e preguiça ["divergência com os princípios da Igreja"]. Aí reagem com a fúria de mil demônios, desancando o infeliz como se fosse um rebelde, um heresiarca, um dinamitador de sacristias ["da obra"].

Muitos dos que fazem isso, é claro, não são agentes infiltrados. São apenas covardes genuínos ["iludidos"(?)], afetados da síndrome de simulação de normalidade que mencionei no início deste artigo. Mas é impossível que estes, tímidos por natureza, entrem em combate com tanta presteza sem ser incitados pelos primeiros. Simplesmente não é verossímil que tanta omissão em face do comunismo ["Adventismo 2.0"], aliada a tanta virulência contra o anticomunismo ["adventismo tradicional"], não tenha nada de comunista ["empatia"] nas fontes que a inspiram.

Fonte - Olavo de Carvalho


Nota DDP: Desculpem-me pelo tom jocoso e até mesmo agressivo que no utilizar do texto original transparece. Mas eu confesso que às vezes, e não são poucas, é exatamente esta minha percepção acerca do atual estado de coisas. Não soubesse de antemão que tais fatos ocorreriam, como profetizado, não cresse que Deus continua no leme e, que a purificação da Igreja virá, difícil seria manter a serenidade com certas realidades.

Louvado seja o nome de Deus por seu grande poder e por colocar adiante de Seu povo os Seus servos, os Profetas. A confiança em Deus nos direciona a mais do que simplesmente permanecer na Igreja, continuar lutando por ela, postados aos lado que é correto, em amor e por amor, até que o Senhor da obra faça o que nós não podemos fazer.

*"Adventismo 2.0" (Nome genérico adotado por um dos defensores desta "linha" de pensamento) - Segundo li estes dias e em "traços" gerais, um "movimento" dito "pensante", de membros não necessariamente alinhados ao adventismo histórico, desvinculados dos contornos Institucionais que caracterizam a IASD e questionadores da doutrina estabelecida, o que fazem de forma muito mais calcada em seus próprios conceitos (ou preconceitos), do que necessariamente no balizamente bíblico e na revelação específica dada a Igreja, revelação esta muito rejeitada inclusive.
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