quarta-feira, 17 de junho de 2009

A igreja, a modernidade e o fim

Serviços cristãos que apresentam DJ´s, músicas da banda irlandesa U2 e orações para os executivos do Google e Wall-Mart estão sendo promovidos pela igreja inglesa.

As idéias para o estilo alternativo de adoração são partes da iniciativa lançada pelo Arcebispo de Cantuária, Dr. Rowan Williams. Eles são definidos em um novo livro compilado pelo programa da Igreja "Fresh Expressions", que visa impulsionar a igreja com mais relevantes e empolgantes serviços.

Debaixo das críticas dos chamados "tradicionalistas", que alertam sobre a possibilidade da iniciativa poder trazer mais problemas que soluções, se descortina todo um ritualismo próprio, onde se assistem vídeos do YouTube sobre combate à pobreza a partir do sítio da ONU, doutrina-se os adoradores sobre as questões em pauta que demonstram que "as coisas não estão bem" e o "planeta está confuso", propondo uma agenda de oração sobre alguns ítens, como "igualdade de gênero" e "meio ambiente".

São recitados Salmos em "poesia beat", ao som de tambores africanos, quando se fazem orações pelo mundo corporativo e seus expoentes, "que já fizeram compromissos com a justiça".

Entre os serviços alternativos explorados no livro, que é co-editado pela Rt Rev Steven Croft, o novo Bispo de Sheffield, estão os chamados "U2charists", serviços em que a congregação recebe a comunhão, mas canta as canções de rock da Irlanda banda U2, em vez de hinos tradicionais.

Segundo os propositores da idéia, os resultados têm sido positivos, tendo se estabilizado a saída de membros das igrejas e, logicamente, muito das justificativas encontratadas para a iniciativa se concentra na captura da atenção dos jovens. O argumento da cultura também é utilizado:

"Temos de reencontrar com uma grande percentagem da população que não tem qualquer contato ou interesse na igreja tradicional". (Telegraph.co.uk)

Nota DDP: Sobre as tendências da "igreja moderna", interessante acessar no contexto as impressões do Pr. Paul Washer em um sermão intitulado "Dez acusações contra a igreja moderna", onde ele discorre sobre dez temas:

- Primeira acusação: Uma negação prática da suficiência das Escrituras
- Segunda acusação: Um desconhecimento de Deus
- Terceira acusação: Uma falha ao falar da depravação do homem
- Quarta acusação: Uma ignorância do Evangelho de Jesus Cristo
- Quinta acusação: Um desconhecimento da doutrina da regeneração
- Sexta acusação: Um apelo não-bíblico.
- Sétima acusação: Uma ignorância sobre a natureza da Igreja.
- Oitava acusação: Uma falta de disciplina eclesiástica amorosa e compassiva.
- Nona acusação: Um silêncio sobre santificação.
- Décima acusação: Uma substituição do que as Escrituras dizem a respeito da família pelo que psicologia e sociologia falam.

O sermão completo, em inglês, pode ser acessado no YouTube. A metade deste vídeo (6/12 partes) já se encontra legendada no mesmo sítio, podendo ser acessado a partir da sua primeira parte, aqui. Colocado o filtro adventista, aqui e ali, imperdível.

Sobre a influência do U2 no contexto religioso, sugiro assistir uma entrevista que pode ser acessada também em suas partes a partir daqui e, ainda sobre o seu eventual papel no ecumenismo promovido pela música, interessante outro vídeo que que já havia indicado anteriormente, que pode ser visto aqui.

Mas não é somente no contexto religioso que o U2 tem estendido sua influência, mas também no contexto político. Aliás Bono é um ativista atuante na questão por exemplo do combate à pobreza, que também está na pauta do dia da igreja romana, como também está o ECOmenismo. Foi ainda listado entre os finalistas do Top 100 da Revista Time de 2008, como uma das pessoas mais influentes do planeta, aparecendo entre personalidades do calibre de Bill Gates e Angela Merkel, para se ter uma idéia.

Da minha parte entendo ser no mínimo estranho como os assuntos se relacionam e como isso tem afetado a Igreja, uma vez que as mesmas justificativas lançadas na matéria supra, guardadas as devidas proporções, são ouvidas aqui e ali em nosso meio. As mesmas pessoas que sustentam estas justificativas não se incomodariam em dizer que todas estas ligações aqui trancritas "não têm nada a ver". Ou ainda que o discurso é "extremista", ou "radical". Às vezes penso que estas pessoas não leram os Evangelhos.

Mas a verdade é que, quando uma certa palestra analisou a evolução da música e, como ela faz pontes entre o mundo secular e o religioso, bem como dentro das próprias religiões, as atenções ficaram focadas apenas na questão da bateria, se perdendo completamente o principal tema, que é o papel da própria música no conflito.

Enfim, que cada um tire suas conclusões, especialmente acerca do que tem visto à sua própria volta.
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