sexta-feira, 19 de junho de 2009

A ética no combate às alterações climáticas

Igrejas, Comissão Europeia e Parlamento Europeu juntam-se para discutir compromisso pós protocolo de Quioto

Os representantes das Igrejas foram esta Quinta-feira recebidos pela União Europeia para discutir a necessidade de uma mudança de estilo de vida face às alterações climática.

Seis meses antes da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, agendada para Copenhaga, em Dezembro de 2009, que irá ditar o compromisso dos países pós protocolo de Quioto, as Igrejas e as organizações eclesiais discutiram com os representantes da União Europeia, Comissão Europeia e Parlamento Europeu, a dimensão ética na luta contra as alterações climáticas.

O encontro teve lugar esta Quinta-feira, dia 17, e foi organizado pela COMECE - Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia, pelo Conselho das Igrejas Europeias - CEC e pelo gabinete de aconselhamento de políticas da Comissão Europeia. O encontro teve como pano de fundo a questão «Mudanças climáticas como um desafio aos estilos de vida, à solidariedade e à justiça global».

Um comunicado enviado à Agência ECCLESIA dá conta que durante um dia, os representantes da Comissão Europeia, do Parlamento Europeu e os estados membros trocaram perspectivas com os representantes das Igrejas com base no último estudo científico sobre alterações climáticas.

Os representantes das Igrejas partilharam a vontade de dar uma mensagem de esperança a todos os cidadãos europeus e encorajá-los a implementar estilos de vida diferentes. Por seu lado, os representantes da Comissão e do Parlamento Europeu concordaram em apoiar as Igrejas na luta contra as alterações climáticas, entendendo ser crucial para que os cidadãos adoptem um comportamento diário adequado ao ambiente.

Urgência

O vice presidente do Intergovernmental Panel on Climate Change - IPCC, Jean-Pascal van Ypersele, apresentou os últimos dados acerca das alterações climáticas, que indicam que a redução das emissões da UE para um máximo de 30% estabelecido até 2020, comparando com os níveis de 1990, não serão suficientes para assegurar que o aquecimento global não ultrapassea os 2°C.

A meteorologista e vencedora de vários prémios científicios, Helga Kromp-Kolb, sublinhou que 30% não são suficientes, pois "2°C é muito e 2020 é já muito tarde".

Responsabilidade

Tanto a UE como os representantes das Igrejas concordaram na urgência da situação e no facto de as alterações climáticas serem numa questão de sobrevivência, em especial para os mais pobres e vulneráveis, que serão os primeiros a sofrer.

Karl Falkenberg, responsável pela Directoria geral do Ambiente da Comissão Europeia, afirmou que a UE tem de assumir a sua responsabilidade mas também "de liderar o resto do mundo". O resultado do encontro de Copenhaga "só será positivo se conseguirmos convencer outros países emissores como a China, a Índia ou a Rússia a juntarem-se ao nosso compromisso de reduzir significativamente as emissões de gases com efeitos de estufa".

O Pe. Henrik Grape da Igreja da Suécia, propôs adicionar três dimensões às negociações sobre o clima: representação dos pobres, futuras gerações e criação.

Os participantes sublinharam ser uma "responsabilidade das Igrejas falar a favor desses três não participantes".

Bernd Nilles, Secretário Geral da CIDSE, organização católica internacional para o desenvolvimento, e Marlene Grundström da APROVED, um grupo de trabalho sobre alterações climáticas e desenvolvimento, afirmaram, em nome das organizações católicas para o desenvolvimento, a luta contra as alterações climáticas está intimamente ligada às políticas de desenvolvimento. Estes responsáveis alertaram para a falta de solidariedade face ao países em vias de desenvolvimento, na fase final das negociações de Copenhaga. "Em Copenhaga, precisamos de respostas não acordos", sublinharam.

O Metropolita Athanasios of Achaia, representante da Igreja na Grécia para a UE, afirmou que os problemas, tal como a população do ambiente, dos oceanos, a contaminação dos alimentos, o esbanjamento das fontes de energia são "questões de direitos humanos e de gerações futuras".

O Pe. Rüdiger Noll, Director e Secretário geral da Comissão Igreja e Sociedade da Conferência das Igrejas Europeias (CEC) sublinhou o princípio da justiça e a responsabilidade dos países desenvolvidos em "salvar a harmonia da criação".

Compromisso para a acção

Os representantes das Igrejas expressam uma mensagem de esperança e mostram um compromisso para a mitigação de alvos ambiciosos e para a mudança de estilos de vida.

O Secretário geral da COMECE, o Pe. Piotr Mazurkiewicz afirmou que para uma "resposta efectiva face as alterações climáticas, é necessária liderança política e reflexão ética, a par do debate. É essencial para ganhar as consciências mas também os corações dos cidadãos e tornar a mudança efectiva".

Os responsáveis apontaram como evidente que uma mudança de estilo de vida pode ter melhor resultado através da educação e encorajando melhores hábitos de consumo. O responsável pelo gabinete de produção sustentável e consumo do Departamento de Ambiente da Comissão Europeia, Andreas Lienkamp, apontou a necessidade de uma «infra-estrutura» que favoreça escolhas e comportamentos eco-responsáveis.

Fonte - Ecclesia

Nota DDP: Os objetivos destes encontros parecem bastante claros. Escorados no discurso do "bem comum" e com o argumento das crises, a imposição de condutas é absoluta questão de tempo. E os contornos destas condutas que geram "novos estilos de vida", já foram devidamente delineadas em investidas e manifestações anteriores, basta seguir as notícias abaixo:

- A Europa, as crises e o domingo
- Bispos da UE deixam apelos para as Europeias
- Bispos pedem aos cristãos mais compromisso na construção da Europa
- Aquecimento global: Bispos europeus pedem "ousadia" à UE
- Movimento para recuperar domingo como dia de descanso
- Membros do Parlamento europeu querem consagrar o Domingo como dia de descanso
- A União Européia deve guardar o domingo, diz a Igreja Católica


Junte-se a estas questões as outras nuances consideradas no post anterior e, veremos que temos um quadro bastante propício para o preenchimentos dos elementos que apontam ao integral cumprimento das profecias.
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