Nova Iorque, 12 nov (RV) - A manipulação e o uso da religião para fins políticos tornam o diálogo inter-religioso um imperativo. As bases teológicas das diversas religiões devem ser investigadas para promover uma recíproca compreensão. Foi o que afirmou nesta terça-feira, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, o observador permanente da Santa Sé na ONU, Dom Celestino Migliore, em pronunciamento durante a 64ª Assembléia Geral do organismo internacional.
Um século e meio atrás, no início da revolução industrial, a religião era definida como o "ópio do povo". Hoje, no contexto da globalização, é considerada sempre mais como a "vitamina dos pobres". A contribuição única das religiões, o diálogo e a cooperação – ressaltou Dom Migliore – portam a elevar o espírito, a tutelar a vida, a responsabilizar os mais frágeis. Contribuem a traduzir os ideais em ação, a purificar as instituições, a encontrar soluções para as injustiças e a superar situações de conflito mediante a reconciliação.
O representante vaticano observou que é bem conhecido que em toda a história pessoas e líderes "manipularam as religiões". Do mesmo modo, "movimentos ideológicos e nacionalistas" viram nas diferenças religiosas "uma oportunidade" para unir consensos.
Recentemente, a manipulação e o uso incorreto da religião para fins políticos levaram a um debate nas Nações Unidas. Nesse contexto – frisou Dom Migliore – o diálogo inter-religioso e interconfessional voltado a investigar os fundamentos teológicos e espirituais de diversas religiões "em vista de uma recíproca compreensão e cooperação", está se tornando sempre mais um imperativo.
A Santa Sé – acrescentou o arcebispo – realizou uma série de iniciativas para promover o diálogo entre confissões cristãs, com judeus, budistas e hindus. Esse compromisso encoraja o estudo das religiões e promove a formação de pessoas comprometidas com o diálogo.
Os recentes eventos sociais e políticos renovaram o compromisso da ONU a integrar a reflexão pela construção de uma cultura baseada na compreensão inter-religiosa.
O objetivo da ONU é incentivar todos os segmentos da sociedade a reconhecer, respeitar e promover os direitos de toda pessoa, concluiu Dom Migliore acrescentando que é tarefa da ONU ajudar os Estados a assegurarem plenamente, em todos os níveis, a aplicação do direito à liberdade religiosa.
Trata-se de um compromisso reiterado nos documentos das Nações Unidas que se referem ao pleno respeito pela promoção não somente da "fundamental liberdade de consciência", mas também da "prática religiosa, sem nenhuma restrição".
Fonte - Radio Vaticano
Nota DDP: Obviamente essa "garantia" sem nenhuma restrição será conferida apenas aos que se alinharem aos objetivos "comuns" que estão a se estabelecer.
Sobre a questão de se estabelecer o que seja fundamental, de ser observado que o Vaticano já saiu na frente em estabelecer tais diretivas através da educação, o que talvez explique os inúmeros tratados internacionais que têm firmado através do globo garantindo ingerência na educação religiosa.
Ver também "Defender religião é promover dignidade e direitos humanos". Destaque:
Como recordou o observador vaticano, “o diálogo inter-religioso dirigido a indagar as bases teológicas e espirituais de diversas religiões, visando a uma compreensão e uma cooperação recíprocas, está se convertendo cada vez mais em um imperativo, uma convicção e um comportamento efetivo entre as diferentes religiões”.