Muitos dos cientistas cujos e-mails foram roubados escrevem também no blogue RealClimate.org, e por isso foi lá colocado um "post" que confirma o roubo de informação e comenta a forma como está a ser usada a informação. “Tomámos conhecimento da existência deste arquivo na terça-feira, quando os hackers tentaram colocá-lo no RealClimate”, explicam.
Os e-mails roubados são comunicações trocadas entre vários cientistas entre 1996 e 12 de Novembro deste ano, em linguagem solta como costuma acontecer quando as pessoas trocam ideias por correio electrónico. Apareceram pela primeira vez num “server russo e depois num blogue de cépticos das alterações climáticas, chamado The Air Vent, mas espalharam-se rapidamente pela Internet.
Os mails estavam acompanhados de uma declaração: “Sentimos que a ciência do clima é, na actual situação, demasiado importante para permanecer escondida. Por isso divulgamos uma quantidade de correspondência e documentos recolhidos ao acaso. Esperamos que possa dar algumas pistas sobre a ciência e as pessoas por trás dela”.
Algumas das mensagens tem passagens de aparência comprometedora. Como aquela em que um cientista diz que acabou de fazer “o truque” com os dados que outro tinha usado num gráfico publicado na revista “Nature”. Mas isso não quer dizer que esteja propriamente a massajar os dados: “Os cientistas usam muitas vezes o termo ‘truque’ para se referir a ‘uma boa maneira de lidar com um problema’, em vez de algo que é ‘secreto’. Por isso, não há nada de errado nesta passagem”, diz o “post” no RealClimate.
“Normalmente, os e-mails são privados, por isso as pessoas que os escrevem exprimem-se de uma forma mais livre do que numa declaração pública”, diz ainda o blogue dos cientistas climáticos. Estes e-mails “permitem espreitar para a forma como os cientistas de facto interagem e os conflitos que revelam mostram que a comunidade [científica] é bem diferente do monólito que muitas vezes se imagina.”
“O momento escolhido para este episódio [quando se aproxima a conferência climática em Copenhaga] provavelmente não é uma coincidência. Mas se escolher algumas frases fora de contexto de correspondência roubada é a única resposta que conseguem dar ao peso das provas científicas da influência humana nas alterações climáticas, então provavelmente não têm mesmo muito que dizer”, lê-se no blogue RealClimate.
“Há claramente lições a tirar daqui. Claramente, ninguém se teria dado a tanto trabalho se o objecto académico de estudo deste grupo fossem os hábitos de acasalamento das borboletas europeias”, conclui.
Fonte - Publico
Nota DDP: Ver também "Climategate: o último prego no caixão 'aquecimento global antropogênico'".