A emocionante história continua com o espantoso testemunho do próprio Nabucodonosor dando conta que os três jovens não apenas se passeavam vivos dentro do fogo, como mantinham conversa com alguém semelhante a ‘filho dos deuses’. Após terem sido desta forma protegidos por Deus, a sua fidelidade foi o motivo para que Nabucodonosor reconhecesse o Deus Criador como estando acima de toda e qualquer divindade.
Daniel 3 relata a história fatual de um poder humano que, usurpando a prerrogativa divina da adoração, pretendia obter para si a honra e louvor que somente ao Criador devem ser dados. Esta história aconteceu, como disse, séculos atrás.
Apocalipse 13 relata, sob a
forma de símbolos, uma história cujos principais desenvolvimentos ainda
se encontram no futuro (se o leitor ainda tem alguma dificuldade em perceber a simbologia usada neste capítulo, veja antecipadamente
este vídeo que explica pormenorizadamente cada detalhe deste capítulo).
Será por isso interessante analisar as semelhanças para nos preparamos melhor para o que aí vem…
a) Em Daniel 3, conforme vimos, há uma ordem para que se adore a estátua de ouro que simboliza o próprio monarca babilónico. Esta ordem é dada nos seguintes termos: ‘e o arauto apregoava em alta voz: ordena-se a vós, ó povos, nações e línguas…’ (v. 4);
a') Em Apocalipse 13, a besta que sobe do mar, a figura que detém o poder (v. 4), exerce-o sobre ‘toda a tribo e língua e nação’ (v. 7).
Conclusão: em ambos os casos há um grande poder que pretende dominar o mundo inteiro (não apenas uma nação localmente) através de imposição legal.
b) Em Daniel 3, a ordem é para adorar ‘a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor tem levantado’ (v. 5);
b') Em Apocalipse 13, a adoração recai sobre a besta: ‘e adoraram-na, todos os que habitam sobre a terra’ (v. 8).
Conclusão: ambos os poderes (Nabucodonosor e a besta) forçam a adoração sobre si mesmo.
c) Em Daniel 3, uma sentença é determinada para quem não cumprir com a ordem: ‘e qualquer que não se prostrar e não a adorar, será na mesma hora lançado dentro da fornalha de fogo ardente’ (v. 6);
c') Em Apocalipse 13, a besta consegue perseguir e derrotar os que não lhe obedecem: ‘e foi-lhe permitido fazer guerra aos santos e vencê-los’ (v. 7);
Conclusão: os poderes que exigem para si a adoração, têm a determinação e a capacidade de punir brutalmente aqueles que não lhe obedecem.
d) Em Daniel 3, vemos que ‘se prostraram todos os povos, nações e línguas e adoraram a estátua de ouro…’ (v.7);
d') Em Apocalipse 13, a besta é adorada por ‘todos os que habitam a terra’ (v. 8). Curiosamente, quem dá o poder à besta, o dragão, aparece no verso 4 como sendo também adorado, e a besta venerada e reconhecida.
Conclusão: ambos os poderes atingem os seus objetivos de domínio e adoração, por parte de todos os povos da terra.
e) No entanto, em Daniel 3 vemos um pequeno grupo que não obedeceu à ordem de Nabucodonosor: ‘há uns homens judeus (…) que não fizeram caso de ti; a teus deuses não servem, nem a estátua de ouro que levantaste adoraram’ (v. 12);
e') Em Apocalipse 13, também vemos que houve exceções na imposta adoração à besta, pois o verso 8 refere que os que se prostraram diante dela são ‘esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro’, o que leva a deduzir que os que têm o nome inscrito no referido livro do Cordeiro não se curvaram perante a besta.
Conclusão: há sempre um fiel remanescente que não cede, mesmo perante perigo de vida, aos poderes que se opõem ao verdadeiro Deus Criador.
f) Em Daniel 3, esse grupo remanescente vê-se forçado a pagar caro a ousadia de ficar do lado de Deus: ‘então estes homens foram atados, vestidos com as suas capas, suas túnicas, e seus chapéus, e demais roupas, e foram lançados dentro da fornalha de fogo ardente’ (v. 21);
f') Em Apocalipse 13, num verso que já lemos, vemos que à besta é-lhe ‘permitido fazer guerra aos santos e vencê-los’ (v. 7). Mais adiante, diz que a besta conseguiu que ‘fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta’ (v. 15). Esta é a derrota (v. 7) que a besta inflige aos que não a adoram.
Conclusão: a decisão de permanecer fiel a Deus pode trazer graves consequências terrenas (bem diferentes das eternas…); muitas vezes, o preço da própria vida.
g) Apesar da (aparente) derrota, em Daniel 3 a vida dos fiéis é poupada, pois o próprio Nabucodonosor dá testemunho: ‘eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem sofrer nenhum dano; e o aspeto do quarto é semelhante ao Filho de Deus’ (v. 25);
g') Em Apocalipse, embora alguns seguramente venham a experimentar a morte terrena, há um grupo que não se contamina: ‘estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vá’ (14:4).
Conclusão: em face de enormes perigos, incluindo da própria vida, o fiel crente observador dos mandamentos de Deus (12:17) caminha constantemente ao lado do seu Mestre, quer seja nas antigas fornalhas babilónicas ou nas modernas fornalhas que o inimigo de Deus prepara para os que são servos do Criador.
h) Como resulta para os fiéis a provação? Em Daniel 3 vemos que ‘Sadraque, Mesaque e Abed-nego saíram do meio do fogo’ (v. 26) e que 'o fogo não tinha tido poder algum sobre os seus corpos...(v. 27);
h') Em Apocalipse 15:2 é-nos dito que o grupo dos que ‘estavam junto ao mar de vidro e tinham as harpas de Deus’ são aqueles que ‘saíram vitoriosos da besta, e da sua imagem e do seu sinal…’
Conclusão: Apesar de severamente provados e testados, aqueles que optam por permanecer fiéis aos mandamentos e estatutos de Deus, não se intimidando com ameaças vindas dos poderes desta terra, acabam, finalmente, por emergir vitoriosos! Estes, a besta de Apocalipse 13 não conseguiu afinal vencer. Recuperando Apocalipse 13:8, estes são os que têm o seu nome inscrito no livro da vida do Cordeiro.
i) Tanto os jovens hebreus de Daniel 3 como os contemporâneos da besta de Apocalipse 13 conhecem os mandamentos de Deus, cujos dois primeiros dizem: ‘não terás outros deuses diante de Mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás…’ (Êxodo 20:3-5);
i') Em perfeita concordância com estes mandamentos, surge em Apocalipse 14:9 a voz de um anjo que proclama: ‘se alguém adorar a besta e a sua imagem (…) também o tal beberá do vinho da ira de Deus (…) e será atormentado com fogo e enxofre…’ – o segundo mandamento da lei de Deus continua dizendo ‘Eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam’ (Êxodo 20:5).
Conclusão: a adoração a qualquer outra figura além de Deus, quer seja de pedra, humana ou temporal, é uma afronta aos mandamentos eternos, e tem a promessa divina de punição em conformidade.
j) Em Daniel 3, é determinada a sentença para todo aquele que insistir em colocar outro deus acima do Deus Criador: ‘… todo o povo, nação e língua que disser blasfémia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abed-nego, seja despedaçado, e as suas casas feitas um montouro…’ (v. 29);
j') Em Apocalipse 19:20 lemos que ‘a besta foi presa, e com ela o falso profeta, que diante dela fizera os sinais, com que enganou os que receberam o sinal da besta, e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre’.
Conclusão: o destino final desses poderes opostos a Deus, que atormentam os Seus seguidores é revelado: destruição total, perdição eterna. Isto aplica-se tanto aos mentores quanto aos seguidores.
k) Em Daniel 3, no final da história, o louvor a Deus é reconhecido: ‘bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abed-nego…’ (v. 28) e ‘… não há outro Deus que possa livrar como este’. (v. 29);
k') Em Apocalipse 15:3-4, o cântico de Moisés, entoado pelos remidos diz assim: ‘grandes e maravilhosas são as Tuas obras, Senhor Deus Todo-poderoso! Justos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei dos santos. Quem Te não temerá, ó Senhor, e não magnificará o Teu nome? Porque só Tu és santo; por isso todas as nações virão, e se prostrarão diante de Ti…’
Conclusão: por fim, Deus é reconhecido como o único merecedor de adoração! Não há Deus como o Criador dos céus e da terra. Quem Nele confia, poderá sofrer perseguição dos poderes deste mundo de trevas; mas no fim, Deus se levantará para salvar todo aquele que Lhe for fiel.
Assim foi com os três jovens hebreus face à estátua e poder de Nabucodonosor; assim será com o povo remanescente final na luta contra a besta e seus agentes.
Quando a pressão sobre o fiel crente nos mandamentos de Deus começar a ser mais forte, quando leis forem impostas para condicionar a adoração, convém lembrar a história dos três jovens hebreus de Daniel 3.
Afinal,
ela vai acabar por repetir-se… E nada melhor do que
estar preparado quando isso acontecer!
Fonte - O Tempo Final Outro importante estudo do irmão Filipe Reis. Permito-me um pequeno adendo:
Na letra "k" é enfrentado um aspecto particular da questão central do Conflito: a verdadeira adoração. Diz o texto que nos versos 28 e 29 de Daniel, "o louvor a Deus é reconhecido". Em seguida se estabelece um paralelo com Apocalipse 15:3-4, que descreve o cântigo de Moisés. No verso 2 deste mesmo capítulo, assim lemos:
Quem são os vitoriosos? Os que não se prostaram. O que cantam? O verdadeiro louvor, o cântigo de Moisés.
Analisemos agora o outro lado da história.
Quem são os vencidos? Os que se prostaram. O que cantaram, ou como "louvaram"? Daniel 3 também revela:
Há uma falsa música no contexto dos últimos eventos. Ela há de ser tocada e aqueles que não a identificarem, talvez até porque já estão acostumados com o seu timbre, correm o sério risco de se prostrarem. Dizem que as coisas importantes Deus repete na Sua palavra. Pois neste caso ele repetiu várias vezes. Finalizo com as mesmas considerações do irmão Filipe: