terça-feira, 2 de junho de 2009

Eleições e construção europeia

Dossier da AE apresenta perspectivas de cidadãos comprometidos pessoal e institucionalmente com o projecto Europeu.

No contexto das [eleições?] para o Parlamento Europeu, a 7 de Junho, a Agência ECCLESIA publica um dossier sobre as várias questões que se abrem num processo com mais de 50 anos de história mas que parece, nacional e internacionalmente, distante dos cidadãos, os europeus. Os textos publicados acrescentam ao debate perspectivas de cidadãos comprometidos pessoal e institucionalmente com o projecto Europeu.

O contributo da Igreja no futuro da Europa é aqui reflectido por Paulo de Almeida Sande, Coordenador do Gabinete do Parlamento Europeu, em Portugal. Destaca que num estilo "ecuménico", a acção da Igreja alastra a "todos os domínios e matérias da vida humana em sociedade". Na dimensão social da União Europeia, "a Igreja é indiscutivelmente um dos mais úteis parceiros". "A sua acção pode marcar a diferença entre um processo equilibrado, de sucesso, inclusivo, cidadão e solidário, e o naufrágio nos rochedos negros do debate institucional ou das discussões de lana-caprina viradas ao umbigo nacional". O coordenador não tem dúvidas que a Igreja Católica é um parceiro requestado da União Europeia.

A COMECE - Comissão dos Episcopados da União Europeia - representa os Episcopados da União no palco de Bruxelas. O secretário-geral, Pe. Piotr Mazurkiewicz assume em entrevista à Agência ECCLESIA uma "modesta tarefa" de informar os episcopados europeus para que, nacionalmente, o debate europeu se desenvolva. Mas é o debate pelos valores que constituiu a segunda parte da missão da COMECE. Numa entrevista que traça, a médio e longo prazo as grandes questões da União Europeia, o Pe. Piotr Mazurkiewicz, enfatiza que a UE não pode ser "apenas uma comunidade de interesses".

Também o Pe. Duarte da Cunha, Secretario Geral do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), organismo que inclui os episcopados de todo o continente, destaca a participação católica na actualidade europeia. Em Bruxelas, o sacerdote destaca a presença da COMECE, o Núncio apostólico junto da União Europeia, que tal como para os outros Estados, tem a função de embaixador que está atento aos assuntos ali tratados, o Observador Permanente no Conselho da Europa, para além de "vários grupos e «Think tanks» católicos que tentam influenciar as decisões tomadas nestas instâncias", assumindo que "mais significativo seria se mais católicos se mostrassem disponíveis para a vida política".

Sobre a visão cristã e missionária da política europeia escreve o Pe. José Augusto Leitão, Responsável em Portugal pela Rede África-Europa Fé e Justiça - AEFJN. Em representação de 30.000 religiosos e religiosas a actuar na Europa e em África, esta rede preparou um guia para as eleições europeias pretendendo lançar aos candidatos ao PE "interpelações em áreas sensíveis aos países africanos como: a ecologia, o comércio, os direitos humanos e a justiça, os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, a cooperação e a paz". O Pe. José Augusto Leitão destaca a importância da participação dos cristãos "do voto consciente e proactivo nestas eleições" sublinhando que "as decisões tomadas ao nível do Parlamento Europeu terão consequências globais e de modo especial nas populações mais vulneráveis ao livre comércio".

O predomínio do que é económico "tem levado a níveis inconcebíveis de pobreza e de marginalização", lamenta Eurénio Fonseca no texto «Urge uma nova Europa». A inversão do objectivo inicial da unidade europeia "levou João Paulo II a recordar, na Exortação Pós-Sinodal Ecclesia in Europa, a necessidade de construir uma Europa aberta e acolhedora, promotora de solidariedade e de paz no mundo", relembra o Presidente da Cáritas Portuguesa. A Igreja é chamada a "anunciar de forma convincente o evangelho da esperança e credibilizá-lo com o serviço da caridade, promovendo acções e participações públicas e sociais adequadas" na certeza de que "não só é possível coexistirem diferentes culturas e credos religiosos, como podem conviver em fraterna unidade".

Já Isilda Pegado, Presidente da Confederação pela Vida recorda "grandes pressões" para a aprovação de leis europeias e "ataques cerrados à Igreja Católica por defender valores que tangem com aquelas opções". "No momento em que votamos que devemos pensar se é este o tipo de actuação que esperamos do Parlamento Europeu" e por isso pede "um voto em consciência" e não um "voto no escuro".

Fonte - Ecclesia

Nota DDP: É absolutamente óbvia o crescente interesse de intercâmbio do poder entre igreja e estado. Cristo disse "a César o que é de César", mas a história demonstra que durante muito tempo o poder eclesiástico controlou os "Césares", o que claramente se vislumbra algum tipo de paralelo futuro.
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